"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 7 de março de 2012

MINISTRO DA DEFESA ENFIM SAI DA TOCA E RESPONDE AOS MILITARES DA RESERVA QUE O REPUDIAM

Reportagem de Gabriela Guerreiro, na Folha, diz que, em resposta ao manifesto de militares que questionaram a sua autoridade e a da presidente Dilma Rousseff, o ministro Celso Amorim (Defesa) disse que o “respeito à autoridade civil” é parte da democracia brasileira, além de estar previsto em lei.

Amorim afirmou que a Comissão da Verdade, criticada pelos militares que assinaram o manifesto, foi criada por lei aprovada no Congresso e por isso deve ser cumprida por todos os brasileiros, inclusive os integrantes das Forças Armadas.

“Eu vejo muita preocupação com a Comissão da Verdade. A comissão é lei. Todos nós brasileiros, militares e civis, temos que respeitar a lei passada quase pela virtual unanimidade do Congresso Nacional e, ao mesmo tempo, é preciso ter clareza que essa lei vai ser aplicada na sua integralidade, inclusive no que diz respeito à observância da Lei de Anistia. Então não há porque também toda essa inquietação em torno de questões que não estão colocadas”, disse.

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E AS PUNIÇÕES?

Amorim não quis falar das punições que o governo estuda aplicar aos militares que assinaram o manifesto. Segundo o ministro, o assunto já foi “objeto de orientação” e agora está na alçada dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. “Não há nada a acrescentar sobre isso.”

Segundo Amorim, o governo da presidente Dilma tem valorizado as Forças Armadas com a liberação de verbas que asseguram “condições de trabalho” aos militares e à sua vida pessoal. “Estamos atentos às questões que dizem respeito às condições de vida material das Forças Armadas”, afirmou.

Num afago aos militares, Amorim disse que eles “têm dado demonstração do profissionalismo” em questões de apoio à lei e a à ordem e quando há necessidade da sua presença em todo país. “Encontrei o ex-governador do Acre aqui, o estado sofreu com enchentes, e sem a presença das nossas Forças Armadas seria impossível atender essas situações”, disse.

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NOTA GANHA ADESÕES

A nota divulgada no final de fevereiro por militares da reserva reafirmava recentes ataques feitos por clubes militares à presidente Dilma e dizia não reconhecer autoridade no ministro da Defesa para proibi-los de expressar opiniões.

Intitulada “Eles que Venham. Por Aqui Não Passarão”, a nota também ataca a Comissão da Verdade, que apontará, sem poder de punir, responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura.

Assinado inicialmente por 98 oficiais da reserva, o manifesto vem ganhando força e já tem mais de 350 adesões. Todo cuidado é pouco.

07 de março de 2012
Carlos Newton

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