Recolho do site do jornal O Estado de São Paulo, um excelente artigo do filósofo Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor, entre outros livros, de 'O Caldeirão de Medeia' (Perspectiva).
Poucos são os intelectuais brasileiros, sobretudo na área da filosofia, que reúnem o conhecimento do professor Roberto Romano. E tornou-se raro como o ouro que acadêmicos das áreas de filosofia e ciências humanas que não se tenham tornado arautos do pensamento políticamente correto enquanto alinham-se, sem qualquer pudor, ao deletério PT mensaleiro a ponto de defender coisas espúrias como o "controle social da mídia", eufemismo para a censura à imprensa pura e simples.
A única diferença no sistema proposto pelo PT é que essa censura, que já vem sendo implantada, esteja em perfeito funcionamento quando todos os cérebros já tiverem sido corroídos pela lavagem cerebral que começa nas escolas e universidades e, pasmem, nos cursos de jornalismo, locus onde é gestada uma "teoria" que dá sustentação acadêmica a esse solerte atentado à liberdade.
Tanto é que o petismo agrega a palavra "social" ao controle da mídia, o que faz supor que esse novo tipo de censura não partiria do Estado, mas sim da própria sociedade através de mecanismos como sindicatos, movimentos sociais, ONGs e congêneres, todos eles, é óbvio, sob o total controle do partido, ou seja, do PT. Coisa inspirada nos escritos do embusteiro comunista italiano Antonio Gramsci.
Assim, este artigo do professor Roberto Romano, é mais um libelo contra a insidiosa campanha petista em favor do controle da imprensa, e por isso não só merece ser lido, mas sobretudo difundido amplamente pelas redes sociais.
A única diferença no sistema proposto pelo PT é que essa censura, que já vem sendo implantada, esteja em perfeito funcionamento quando todos os cérebros já tiverem sido corroídos pela lavagem cerebral que começa nas escolas e universidades e, pasmem, nos cursos de jornalismo, locus onde é gestada uma "teoria" que dá sustentação acadêmica a esse solerte atentado à liberdade.
Tanto é que o petismo agrega a palavra "social" ao controle da mídia, o que faz supor que esse novo tipo de censura não partiria do Estado, mas sim da própria sociedade através de mecanismos como sindicatos, movimentos sociais, ONGs e congêneres, todos eles, é óbvio, sob o total controle do partido, ou seja, do PT. Coisa inspirada nos escritos do embusteiro comunista italiano Antonio Gramsci.
Assim, este artigo do professor Roberto Romano, é mais um libelo contra a insidiosa campanha petista em favor do controle da imprensa, e por isso não só merece ser lido, mas sobretudo difundido amplamente pelas redes sociais.
O título original do artigo é "Regulamentação da Mídia".
Leiam:
Como fruto de meu último artigo (Regulamentação da mídia, 15/1), recebi uma torrente de insultos anônimos em meu endereço eletrônico. A reação prova a tese: os autoritários ignoram a fronteira do coletivo e do particular.
Em vez de responder publicamente, eles ameaçam e insinuam retaliações.
Volto ao tema sob outro ângulo para melhor determinar o que dele penso.
A imprensa surge com o Estado moderno. O mesmo ocorre com as táticas do poder para impedir a sua livre expressão. A importância dos panfletos políticos e religiosos é certa nos séculos 16 e 17. Basta recordar os libelos puritanos e textos como Le Reveille-Matin des François, que ampliaram rebeliões aristocráticas ou populares.
No plano oposto surgem os jornais controlados pelo governo, criados para popularizar o poder oficial.
Richelieu (cardeal, primeiro-ministro de Luís XIII de 1628 a 1642) já domina o maniqueísmo da propaganda. "Aos que qualificavam a razão de Estado de 'razão do diabo' ou 'razão do Inferno' os panfletários de Richelieu replicam acusando-os de adotar 'a mais negra Teologia do Diabo'" (Thuau, Etienne: Raison d'État et Pensée Politique à l'Époque de Richelieu).
Thuau analisa estratégias cuja doutrina se resume em "governar e fazer acreditar" pelo controle estatal da palavra escrita.
Diz ele:
"É uma verdade reconhecida que a autoridade é inseparável das ideologias, dos mitos e das representações que os homens formam a seu respeito. O poder repousa na aliança do constrangimento e das crenças".
O autor recorda Gabriel Naudé nas Considerações Políticas sobre os Golpes de Estado (1640): para manter a governabilidade o príncipe seria obrigado a mentir ao povo, "manejá-lo e persuadi-lo com belas palavras, seduzi-lo e enganar pelas aparências, ganhá-lo e colocá-lo a serviço de seus alvos por pregadores e milagres sob pretexto de santidade, ou por intermédio de bons escritores, silenciando os livrinhos clandestinos e manifestos, para levá-lo pelo nariz e fazê-lo aprovar ou condenar, só com a etiqueta da sacola, tudo o que ela contém".
O marketing político inicia ali a carreira cujo ápice ocorre sob Joseph Goebbels (ministro da Propaganda de Adolf Hitler). Controlar a imprensa é tarefa da grande ou mesquinha razão de Estado.
Se o rótulo tem forma adocicada ("regulamentação social") ou ácida (censura), não importa. O alvo é calar a dissonância, silenciando críticas aos palácios e adjacências.
Richelieu reúne os auxiliares para examinar documentos oficiais, definindo a forma pela qual eles deveriam surgir como "notícias" no setor público, com o disfarce necessário. Ele já conhece a arte de reescrever a História e seus próprios textos.
Os procedimentos usados no totalitarismo germinam no Estado absoluto.
Ao reeditar seu discurso aos Estados em 1614, o cardeal modifica-o porque não coincide mais com sua nova política. Aqui não temos o único aspecto na genealogia que vai do Estado absoluto ao totalitarismo.
Os "processos políticos" de Richelieu transformam os juízes em instrumento de terror contra os adversários. Para aquilatar a extensão e a profundidade dessa herança temos o livro de Hélène Fernandez-Lacôte Os Processos do Cardeal Richelieu, Direito, Graça e Política sob Luís, o Justo.
A função política ou econômica da imprensa, revolucionária ou governista, nem sempre suscita análises compreensivas. Basta recordar, no século 20, o crítico Karl Kraus. Em artigo intitulado A imprensa como alcoviteira, Kraus compara a jovem prostituta e o jornalismo oficialista, da Bolsa ou dos Palácios.
A rameira seria moralmente superior ao que vende sua pena, pois ela "nunca sugeriu, como ele, assumir altos ideais". (Uso a tradução italiana, Morale e Criminalità.)
A imprensa, com suas virtudes e seus defeitos, longe de ser odiada apenas pelos que agora se vendem ao governismo brasileiro, tem uma história densa e contraditória.
Recordo o autoritarismo dos que visam a impor silêncio a quem foge ao controle da norma formatada pelo marketing político e ideológico. Carl Schmitt, na luta contra a livre imprensa, chama os democratas de "classe discutidora", retirando o epíteto de Juan Donoso Cortés, autor do Discurso sobre a Ditadura, que inspira o fascismo.
E também alimenta as ditaduras do século 20 na América do Sul e no Brasil. Com os tanques a discussão termina, vem o golpe de Estado "redentor". Mas nem todo golpe é cruento.
A maioria é feita no silêncio dos gabinetes, nos acordos espúrios, nas alianças nefastas cujo nome ainda é "governabilidade".
Quem aplica golpes eficazes conta com o sigilo cúmplice de todos, inclusive dos governados. É aí que os periódicos incomodam.
Num país movido pela propaganda, desde a era Vargas com o DIP até hoje, a popularidade dos governantes é alvo perene, obtida à custa de ouro.
A mídia passa hoje por graves modificações. Se na cultura impressa existiu a figura do pedante, hoje na internet o pedantismo assume amplitude inaudita, unido à repetição de slogans e aos ataques às subjetividades que defendem posições adversas ao poder. Tudo indica que levará tempo para que a humanidade alcance uma síntese nova na ordem teórica e prática.
Os jornais vivem uma situação inédita, com o aumento inusitado da comunicação eletrônica. As teses sobre a regulamentação da mídia, no Brasil, seguem a via coberta de ódio e dogmatismo.
Monopólios devem ser tratados com leis específicas, não podem servir de pretexto para impor ao público a visão de partidos ou seitas. Alguns veículos de comunicação, sobretudo na internet, se arrimam com ajuda oficial, reduzem seu papel à propaganda do governo e ao afogamento da crítica. Como se fosse destino, eles retornam ao tempo em que Richelieu pagava a jornais e jornalistas para combater os adversários do Estado.
Sobram ilhas de crítica e rigor intelectual na imprensa, mas é possível prever tempos escuros para as mentes lúcidas e honestas. Quem viver verá.
29 de janeiro de 2013
in aluizio amorim
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