Já deu para perceber qual é a tática empregada pela cúpula da FIFA quando se refere, preocupada e à beira de um ataque de nervos, aos atrasos nas obras, à questão da segurança, ao temor de manifestações e, de um modo geral, ao despreparo do país para sediar a Copa do Mundo.
É assim: um expoente da entidade concede entrevista, na maioria das vezes no exterior, dando um puxão de orelha nas entidades oficiais responsáveis pela organização, provocando uma reação rútila nas hostes do governo petista, que, indignadas, reafirmam a crença absoluta no sucesso do torneio, enfatizando que esta será a melhor disputa de todos os tempos.
Os entrevistados, constatando o efeito desejado, voltam atrás e, numa repentina mudança de atitude, se desculpam, invertendo o dito pelo não dito, declarando-se certos quanto ao sucesso do evento, até que novas apreensões evidenciem a necessidade de outra reprimenda fustigante pela imprensa internacional.
E assim, aos trancos e barrancos, chegaremos à época de uma festa bancada, contrariamente às expectativas iniciais, com dinheiro público em quase sua totalidade, num país onde os presídios estão à beira da barbárie, a gestão da saúde pública é criminosa, a segurança pública se vê incapaz de garantir o direito de ir e vir do cidadão e a população das metrópoles é vilipendiada por um sistema de mobilidade indigno.
Tudo leva a crer que neste ano que se inicia flertaremos perigosamente com o caos descontrolado.
14 de janeiro de 2014
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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