"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MONUMENTO A MISTIFICAÇÃO É IMPLODIDO A TIROS


Um tiroteio [ontem à noite] envolvendo soldados do Exército, policiais militares e traficantes de drogas no Morro do Alemão, implodiu outro monumento à mistificação erguido por Lula, Dilma Rousseff, Sérgio Cabral e Eduardo Paes.

Graças à integração entre os governos federal, estadual e municipal, recita o quarteto há nove meses, ali começou, em 28 de novembro de 2010, a pacificação do Rio de Janeiro. Se é que começou, acaba de ser fulminada pela troca de chumbo de [ontem].

A falácia da cidade pronta para hospedar a final da Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 foi reduzida a frangalhos pelo casamento da incompetência administrativa com o oportunismo político.

A ocupação do Morro do Alemão deveria ser a primeira de uma série de operações encadeadas, e concebidas para consolidar a presença do Estado numa zona de exclusão dominada por bandos fora-da-lei. Foi a primeira e última.

De lá para cá, não aconteceu nada. Ou quase nada: Dilma, Cabral e Paes festejaram a inauguração do teleférico que Lula prometeu. No dia da inauguração, ainda não funcionava. Nesta noite, deixou de funcionar para não entrar na linha de tiro.

No domingo, depois de um conflito com os moradores, os militares foram acusados de agir com truculência. Em resposta, o Exército divulgou um vídeo que mostra traficantes vendendo drogas com o desembaraço dos velhos tempos.

O tumor não foi devidamente lancetado, avisam as cenas. Os bandidos estão de volta. Foi por saber disso que Cabral e Dilma combinaram que as Forças Armadas ficarão por lá até junho de 2012. “Isso permitirá que trabalhemos com mais tempo o planejamento das próximas UPPs”, alega o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

As Unidades de Polícia Pacificadora são um bom prefácio. Se não vierem os capítulos seguintes, esses sim capazes de mudar a história, as UPPs são apenas uma fraude.

Na véspera do Sete de Setembro, o Brasil constatou que a polícia do governo Sérgio Cabral não tem musculatura para controlar a zona conflagrada. Depende do Exército para impedir que os traficantes voltem a proclamar a independência do Morro do Alemão ─ e reassumam o comando do que lhes pertence desde sempre.

Augusto Nunes

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