Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
TUDO PARA SALVAR O ZÉ !!!
O projeto de reforma política do PT vai agraciar os partidos aliados com um caminhão de verbas públicas.
Mas, por trás da ideia ruim, há uma intenção pior: inocentar Dirceu e sua quadrilha no julgamento do mensalão.
Quando os caciques do PT e do PMDB se unem para fechar um acordo e ficam felizes a ponto de não conseguirem conter o sorriso de satisfação, convém ao eleitor ficar alerta. Se a negociação de que se trata envolve bilhões de reais em dinheiro público, a atenção deve ser redobrada. E, se por trás de tudo isso existir uma ideia saída da cabeça de José "Chefe da Quadrilha do Mensalão" Dirceu, é melhor ficar mais ressabiado.
Na semana passada, em Brasília, essas três situações se alinharam em torno de um dos projetos mais sensíveis em tramitação no Congresso: o da reforma política. Desde a década de 90, discute-se como aprimorar a qualidade das eleições, aproximar a população dos políticos, de modo que estes sejam fiscalizados por quem os elegeu, e frear a epidemia de corrupção. Ninguém tem dúvida de que se trata de uma reforma crucial para o Brasil. Mas a que o PT e o PMDB defendem hoje só interessa a eles.
A proposta, que deve ser votada até novembro, foi arquitetada por José Dirceu e levada ao Congresso pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS). Uma de suas ideias ruins - o financiamento público das campanhas - esconde outra ainda pior. Os petistas querem que o Erário, que já gasta 1,5 bilhão de reais a cada ano eleitoral com subsídios diretos e indiretos, passe a pagar a conta integral do processo, o que elevará para 4,5 bilhões de reais a facada no bolso do contribuinte. Essa é a ideia explicitamente ruim.
O que ela oculta é um raciocínio enviesado que tem por objetivo ajudar a livrar Dirceu e sua quadrilha da condenação no julgamento do mensalão.
Explique-se: Dirceu prega a aprovação do financiamento público com o argumento de que ele eliminaria a prática do caixa dois eleitoral. A lógica ilógica é que, se o estado pagasse por tudo nas campanhas, os partidos não teriam de buscar doações paralelas de pessoas físicas e jurídicas (claro ... ).
Mas o que tem isso a ver com o mensalão? Nada. Só que, em 2005, quando os petistas foram pegos desviando dinheiro público para o próprio bolso e o de aliados, a estratégia foi dizer que o roubo não era roubo, mas produto "apenas de caixa dois".
Ou seja, o dinheiro usado para comprar votos de parlamentares seria proveniente de doações eleitorais ao PT e adjacências, ficção que leva a assinatura do então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, um dos mais brilhantes advogados criminalistas do país.
O que Dirceu pretende alegar agora é que, além de o partido não ter pago propina a parlamentares para que aprovassem os projetos do governo do qual era ministro, o caixa dois era uma imposição do sistema eleitoral. Assim, o PT teria sido tão somente "vítima das circunstâncias".
Se o golpe do financiamento público emplacar, o partido sai, ao mesmo tempo, como vítima e "purificador" de um sistema viciado.
A tese será apresentada no julgamento dos réus do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, para tentar livrar a cara de toda a quadrilha, em especial a do chefão.
A maquinação não acaba aí. No projeto, o partido embutiu uma segunda ideia deletéria produzida pela cachola dois de Dirceu. Trata-se de uma cláusula que define como será dividido o bilionário bolo de recursos a ser bancado pelo estado: os partidos que têm as maiores bancadas na Câmara ficarão com a maior fatia.
E quais são esses partidos? PT e PMDB, claro.
O primeiro ficaria com cerca de 14% da bolada e o segundo, com 11 % - o que também explica o sorriso de Lula e dos peemedebistas na semana passada. Aparentemente, esse princípio segue a mesma lógica usada na dívisão do dinheiro do Fundo Partidário: quanto maior a legenda, maior a parcela que ela recebe do butim.
Ocorre que o dinheiro a ser distribuído pelo critério do tamanho das bancadas não será usado apenas na eleição de deputados federais, mas também na de deputados estaduais, governadores, senadores e presidente da República.
Com essa malandragem, o PT garante desde já que seu candidato a presidente em 2014 receberá mais dinheiro do que seu principal concorrente, o candidato do PSDB.
Não tem jeito: ao nome de José Dirceu está sempre associada uma PaTranha, uma PicareTagem.
VEJA - 24/09/2011
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