A chamada “Lei Seca”, lei que aumentou as punições para motoristas que dirigem após beber, trouxe um grande alento para o trânsito de algumas cidades brasileiras. Infelizmente, não podemos dizer que a lei “pegou” em todo país porque governos irresponsáveis simplesmente se recusam a oferecer meios de fiscalização e punição aos motoristas beberrões.
Aqui no Rio de Janeiro a lei foi um enorme sucesso e correspondeu a uma redução drástica no número de acidentes e de mortes no trânsito. Contudo, um caso emblemático ocorreu há alguns meses e envolveu o coordenador da operação das “blitzen”.
Ao sair de uma festa, o senhor Alexandre Felipe Vieira Mendes, resolveu dirigir o seu veículo mesmo estando alcoolizado. O resultado foi o esperado: atropelou uma mulher com duas crianças pequenas e não as socorreu. Durante a fuga, atropelou e matou um ciclista, colidindo finalmente com um poste.
Não satisfeito, fugiu do local do crime com o apoio de autoridades ligadas ao programa da Lei Seca e utilizou-se de um reboque (desviado de uma blitz) para desfazer o local do crime e remover o seu carro do flagrante.
Conduzido a uma delegacia, dias depois, prestou depoimento e foi confrontado com testemunhas. Dolo comprovado, o delegado pediu sua prisão preventiva porque o coordenador estava assediando as testemunhas visando à mudança de seus depoimentos.
Após a prisão ser decretada, Alexandre Felipe fugiu mais uma vez e passou a ser procurado pela polícia como qualquer bandido “meia boca”.
Mas, como é brasileiro e não desiste nunca, Alexandre Felipe resolveu se abrigar onde sabia que seria bem-vindo. Amigo de políticos, bem de vida, com muita grana para gastar e sabedor de que o Judiciário brasileiro enxerga muito mais ternos de qualidade do que chinelos de dedo; buscou abrigo nos tribunais.
E não é que conseguiu? Vamos entender bem os crimes cometidos por ele:
Dirigiu bêbado; atropelou três pessoas (duas crianças); não prestou socorro; atropelou mais um; também não prestou socorro e a vítima faleceu; fugiu mais uma vez; bateu em um poste e destruiu a propriedade pública, jogando toda a localidade na escuridão; usou do cargo para escapar do local do crime e utilizou-se de um veículo público para desfazer a cena do crime e dificultar a sua punição. Não satisfeito, ameaçou testemunhas e fugiu da justiça para não ser preso.
Como punição para todos esses crimes e para o agravante de ser um agente público que utilizou recursos do Estado para cometer esses vários crimes; esse senhor – Alexandre Felipe Vieira Mendes – obteve um Habeas Corpus de um desembargador livrando-o da prisão e garantindo a ele o direito de continuar ameaçando as testemunhas livremente.
Pois é… o Brasil é mesmo a terra onde o crime compensa e a justiça tem um preço certo.
Afinal de contas, a lei pode ser seca; mas, para os ricos e poderosos a impunidade cai como uma chuva torrencial.
E você leitor, o que pensa disso?
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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