Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
LULA USA ORLANDO SILVA PARA AFIRMAR QUE SERÁ CANDIDATO EM 2014
Ao interferir de forma ilegítima para tentar manter o ministro Orlando Silva no cargo , afinal ele não é o chefe do executivo, e sim a presidente Dilma Rousseff, Lula aproveitou o episódio para anunciar que será candidato em 2014. Conclamou o PCdoB a resistir para que o titular do esporte no fique no cargo. Incrível.
Reportagem excelente de Luiza Damé, Chico de Gois, Gerson Camarotti e Maria Lima, manchete principal de O Globo de sábado, 22, focalizou tanto a investida e a concordância (temporária) de Dilma. Acompanha a matéria foto de Gustavo Miranda focalizando o momento em que, no Planalto, em entrevista, Orlando Silva anunciava ter passado do segundo tempo para a prorrogação.
Não sei por que, se a entrevista foi coletiva, só O Globo publicou o fato. Acontece. O imprevisto, que deu força à reportagem, realçando sobretudo sua importância política, não foi somente Orlando Silva não submergir no lago de Brasília, mas Lula emergir no cenário e, praticamente, antecipar que será ele, e não Dilma, o candidato do PT à sucessão presidencial de 2014. Sem dúvida. Não fosse isso, ele não teria incentivado abertamente o Partido Comunista do Brasil – que de comunista não tem nada – a resistir. Resistir a quem? Resistir a quê? Neste segundo caso à tempestade de denúncias. No primeiro, evidentemente à própria presidente da República.
Não se entende a atitude. A maior figura do PT incentivando um dos partidos da coligação a enfrentar uma decisão da governante do próprio Partido dos Trabalhadores. A contradição é indiscutível.Lula, com seu posicionamento abriu uma dissidência, um divisor de águas. Passou a existir um PT de Lula e outro PT de Dilma? Não dá. Não tem o menor cabimento.
A explicação só pode ser encontrada no caminho das urnas de 2014. Isso de um lado. Mas de outro causa o enfraquecimento do atual governo. Pois se alguém, afastado do palco central, entra em cena e consegue inverter uma decisão já sinalizada na tarde de sexta-feira, quando a presidente deixava escapar que convidada Orlando Silva a pedir demissão, é porque politicamente se configura uma situação de dependência entre o eleitor e a eleita.
Pelo que conheço de política, não deve ter sido fácil o diálogo entre Lula e Dilma. Tampouco será fácil, ninguém pense o contrário, a permanência efetiva de Orlando Silva. Uma questão de autoridade encontra-se em jogo. Porque será eternamente um desempenho solitário de quem está com a caneta na mão. Os exemplos ao longo da história são múltiplos. O mais recente o do ministro Golbery do Couto e Silva. O presidente Ernesto Geisel, depois de escolher João Figueiredo para sucedê-lo no crepúsculo da ditadura, conseguiu sua permanência na chefia da Casa Civil, certo de que controlaria o Palácio do Planalto. Ledo engano, como costuma dizer Carlos Heitor Cony: pouco mais de um ano depois, era afastado do cargo.
Assim, Lula erra o cálculo de forçar uma divisão das decisões presidenciais. Dilma errará se aceitá-la. Por essas e outras, é de se pensar que a prorrogação da permanência de Orlando Silva nas reuniões ministeriais será curta.
Não há clima para sua participação, inclusive com a notícia, divulgada pela Folha de São Paulo também a 22, de que a FIFA o afastou do diálogo em torno da realização da Copa das Confederações de 2013, e da Copa do Mundo, 2014.
Por uma coincidência do destino, ano das próximas eleições presidenciais no Brasil.
A manutenção de Orlando Silva, por sinal, dá ânimo à oposições se o candidato for Aécio Neves. E isso nem Dilma nem Lula desejam.
Pedro do Coutto
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