A notícia do surgimento de um câncer na laringe do ex-presidente Lula provocou uma polvorosa na imprensa e uma enxurrada de notícias e comentários de todo tipo.
Como por aqui existe a tal “Síndrome do Santo” – onde o camarada pode ser o maior crápula do planeta que basta morrer ou (é até melhor) ser acometido de um câncer para se tornar “querido” e ter todas as mazelas esquecidas; sendo alçado a categoria de “santo mais amado”.
Grande parte da imprensa correu para “babar o ovo” do ex-presidente e promover uma campanha de penalização da opinião pública em torno da sua situação. Situação, aliás, que se abate sobre milhares de brasileiros dia a dia sem que eles tenham a mesma oportunidade de diagnóstico precoce e de tratamento fácil como teve Lula.
Isso mesmo, verdade seja dita, um dos principais absurdos provocados pela “Síndrome do Santo” é a hipocrisia generalizada que parece se espalhar como fogo em mato seco pela imprensa, fazendo com que a simples constatação do óbvio se torne uma “ofensa abominável” e algo digno dos “piores genocidas” da história ou de “mentes perversas”.
Nesse aspecto me refiro a certos colunistas da “grande imprensa” que criticaram os comentários de internautas em relação às declarações de Lula sobre o tratamento “maravilhoso” e “de primeiro mundo” que o SUS dá aos portadores de Câncer. Tanto no episódio do ex-vice-presidente José Alencar (outro elevado a Santo) quanto no da presidente Dilma; Lula afirmou categoricamente que os recursos usados nos tratamentos de ambos estavam disponíveis (graças a ele) para “todos os brasileiros pobres com igual eficácia e eficiência sem dever a “primeiro mundo” nenhum (sic)”.
A constatação óbvia, derivada dessa declaração de Lula, é de que o ex-presidente deveria buscar tratamento no próprio SUS. Ora, se o atendimento é “de primeiro mundo”, porque privar o sistema do enorme benefício de ter uma figura “tão querida” como ele tratada pela estrutura primorosa e moderníssima implantada na administração Lula e disponível para todos os brasileiros?
Quando “a voz do povo” começou a questionar a diferença entre discurso e realidade, alguns jornalistas vestiram-se com o manto da hipocrisia e teceram críticas veementes sobre o ”absurdo”, a “desumanidade”, a “falta de caridade” e o “comentário de mau gosto” que os internautas estavam fazendo.
Por favor, não sejamos hipócritas. Sabemos muito bem que nenhum brasileiro que possa vai cair nas garras do SUS para tratar um câncer ou qualquer outra doença. Muito ao contrário do que disse o ex-presidente, em seus arroubos populistas e megalomaníacos, para marcar uma simples consulta se levam dois ou três meses. Um exame simples de três a seis meses e uma tomografia mais de um ano (ou mesmo vários anos, como já foi mostrado em várias ocasiões). No “ritmo do SUS” o Lula já estaria morto antes mesmo de receber o diagnóstico final.
Portanto, caros jornalistas, é justo que o brasileiro comum e que não dispõe dos recursos necessários para ter uma saúde de qualidade e um atendimento médico razoável (apesar de pagar muito caro por isso) exponha sua indignação ao ver claramente como essas declarações populistas caem por terra quando são os políticos que se defrontam com qualquer doença grave.
Nenhum outro político deveria valorizar mais o tratamento do SUS do que Lula. Afinal de contas, cansou de tecer comentários e dar declarações ufanistas sobre suas realizações na área. Agora, quando recebe o diagnóstico de mal tão grave, corre para a verdadeira medicina de ponta e para o verdadeiro tratamento que lhe salvará a vida; uma rede particular paga a peso de ouro.
Ouro este, na verdade custeado por nós e acrescido (só Deus sabe como) a sua fortuna pessoal criada mesmo em anos e anos sem trabalho ou atividade profissional alguma a não ser a de político.
É claro que mesmo achando Lula um traidor; ele é um ser humano e deve ser tratado com dignidade. Tem, portanto, o dever de procurar o melhor em matéria de atendimento médico e de buscar as reais chances de salvar sua vida (algo que foi negado aos seus dois irmãos que se trataram pelo SUS).
Portanto, mais do que a morte e mais do que um câncer; Lula vai precisar de uma redenção verdadeira – algo como dar nomes aos bois que lhe corromperam – para ser elevado, por mim, a categoria de coitado ou de santo.
A meu ver; coitados somos nós que pagamos caro e temos uma assistência médica digna de um campo de concentração nazista ou de hospitais de frente de batalha. Santos somos nós que aguentamos calados e sorridentes os altíssimos impostos e os baixos investimentos em áreas primordiais para a vida do cidadão (na saúde, por exemplo, de cada 100 reais investidos 90 são desviados).
Assim, quando Lula explicar porque se calou e até patrocinou tanta roubalheira e o saque sistemático de recursos preciosos, nomeando e punindo os ladrões, eu tirarei a razão dos internautas e farei coro aos jornalistas indignados.
Mas, até lá…
Visão Panorâmica, 31 de Outubro de 2011
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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