Valério questiona falta de Lula como réu do Mensalão
Em sua defesa final apresentada ao STF, o publicitário Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão, questiona a ausência do ex-presidente Lula entre os 38 réus da ação penal que deve ir a julgamento em 2012. Valério se diz inocente, mas alega que, se fosse procedente a acusação da Procuradoria-Geral da República, ela deveria incluir os mandantes do esquema de compra de apoio político, entre eles o ex-presidente.
Valério questiona a ausência de Lula na ação do mensalão
Defesa do publicitário diz que, se ele é operador, "mandantes" devem responder
Nas alegações finais, porém, réu alega que é inocente e que esquema de compra de apoio no Congresso não existiu
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Em sua defesa final apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal), o publicitário Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão, questiona a ausência do ex-presidente Lula entre os 38 réus da ação penal que deve ir a julgamento em 2012.
Valério se diz inocente, mas alega que, se fosse procedente a acusação da Procuradoria-Geral da República, ela deveria incluir também os mandantes do esquema de compra de apoio político, entre eles o ex-presidente.
Diz a defesa que a acusação é um "raríssimo caso de versão acusatória de crime em que o operador do intermediário aparece como a pessoa mais importante da narrativa, ficando mandantes e beneficiários em segundo plano, alguns, inclusive, de fora da imputação, embora mencionados na narrativa, como o próprio presidente LULA [em maiúsculo]".
Lula informou, via assessoria, que não se manifestará sobre a defesa de Valério.
O advogado do publicitário, Marcelo Leonardo, diz que a participação de Valério foi "exagerada" na denúncia da Procuradoria para deslocar o foco dos verdadeiros "protagonistas políticos", citando novamente Lula.
"A classe política (...) habilidosamente deslocou o foco das investigações dos protagonistas políticos (LULA, seus ministros, dirigentes do PT etc) para o empresário (...) dando-lhe uma dimensão que não tinha e não teve", diz trecho da defesa.
Marcos Valério foi apontado pelo Ministério Público como o operador do mensalão, revelado pela Folha em 2005.
Nas alegações finais do Ministério Público, enviadas ao STF em julho, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pede a condenação do publicitário pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.
Para a Procuradoria, Valério foi apontado como o "líder do núcleo operacional e financeiro". No mesmo documento, o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) foi definido como "chefe de quadrilha".
A defesa de Valério nega, ao longo de 148 páginas, a existência do esquema.
Diz que os pagamentos efetuados por ele, a pedido do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, ocorreram para quitar dívidas da campanha eleitoral de 2002, quando Lula foi eleito presidente.
Valério alega que nunca ficou provado que os pagamentos foram feitos com dinheiro público.
Neste ponto, o publicitário ressalta que a Visanet, apontada como uma das fontes de recursos do mensalão e na qual o Banco do Brasil tem participação acionária, é uma empresa privada.
Ao final, a defesa de Valério diz que sempre contribuiu com as investigações, apontando aqueles que receberam dinheiro por seu intermédio.
PERDÃO JUDICIAL
Por esse motivo, o publicitário afirma que, caso seja condenado, deveria receber perdão judicial ou redução de pena, graças a sua colaboração com a Justiça.
"É relevante considerar, na injusta e absurda hipótese de condenação, que Marcos Valério Fernandes de Souza, desde o inicio das apurações dos fatos, teve decisiva atuação como "réu colaborador" (...) [quando por exemplo] forneceu a lista de todas as pessoas que receberam recursos financeiros, indicadas pelo PT", finaliza.
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/09/2011.
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Difícil é conseguir ler todos esses 'posts', sem sentir náuseas. Chegamos ao fundo do poço moral, civicamente. Por muito menos, Collor de Mello sofreu impeachment. Havia, ainda, resíduos de vergonha, impregnando o Congresso Nacional. Havia ainda alguns parlamentares com a capacidade de se acanhar perante a nação. Restava ainda alguma seriedade no trato com a corrupção. Ela podia existir, mas em dimensões que não ferisse o Governo, colocando em risco as instituições.
Com o lulismo, chegamos ao descalabro... É incompreensível que não tenha ocorrido o impeachment de Lula, como incompreensível até hoje fica a impunidade que assola essa República.
Inicialmente, temeroso de que desabasse o Palácio em sua cabeça, vem com discurso à nação, desculpar-se, alegando ignorar e ameaçando punir quem quer que fosse, de que Partido fosse, pela traição sofrida.
O discurso comovente, prevenia o possível impedimento. Traído, ignorava que estivesse sendo apunhalado à socapa pelos seus aliados políticos.
Quando percebeu que uma oposição covarde e fisiológica cumpria o que dissera antes - sobre os trezentos picaretas que lotavam o Congresso - adormeceu tranqüilo sobre os louros da mentira, da audácia, da arrogância que voltava a conceder-lhe o sono dos injustos e corruptos.
Mas na defesa intransigente da verdade, como disse o general Robert Nivelle na batalha de Verdún, 1ª guerra mundial, "no passarán".
Não permitiremos que a História esqueça o mais triste mandato que a República terá registrado em seus anais. Resistiremos até aonde for possível.
m.americo
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
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