"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

CHÁVEZ REPATRIA OURO VENEZUELANO

Presidente decretou que Grã-Bretanha, EUA, França e Suíça não são mais lugares seguros para manter suas reservas do precioso metal.

Se você anda querendo armazenar grandes quantidades de barras de ouro, pode ter dado sorte: o Banco da Inglaterra logo terá lugar para cerca de mais 100 toneladas, graças ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.


Em agosto Chávez decretou que a Grã-Bretanha – junto com os Estados Unidos, França e Suíça – não era mais um lugar seguro para manter as reservas de ouro do seu país.
Ao contrário de muitos dos seus planos que são anunciados com alarde apenas para ser imediatamente esquecidos, o presidente dessa vez falou sério: em 25 de novembro o primeiro carregamento de lingotes repatriados chegou a Caracas, a capital.

Ao todo, a Venezuela pretende deslocar 160 toneladas do precioso metal desses países para os cofres do seu próprio banco central, assim como transferir 6,3 bilhões de dólares em reservas em moeda estrangeira de bancos nos Estados Unidos e Europa para a Rússia, China, Brasil e outras economias emergentes.

O governo diz que mudar as reservas de ouro de lugar é uma questão de soberania. Quanto a operações cambiais, seus representantes argumentam que as turbulências econômicas que têm ocorrido nos países ricos tornam prudente a diversificação dos dólares e euros.

Já que o capitalismo está em declínio irreversível, eles garantem, as reservas da Venezuela estarão mais seguras com seus aliados em Moscou, Pequim e outros lugares, que vão dominar a nova ordem mundial.

A proposta preparada pela equipe de finanças do presidente, que vazou para um legislador da oposição, mostrava uma perspectiva bem diferente. Os conselheiros de Chávez o alertaram que a Venezuela podia estar vulnerável à apreensão de bens como a que aconteceu a Muammar Khadafi e sua família no início das rebeliões na Líbia.

O país enfrenta dezenas de processos de arbitragem no tribunal de resolução de litígios do Banco Mundial e pode ter que arcar com decisões judiciais desfavoráveis no valor de quase 20 bilhões de dólares.

Ambos os argumentos parecem de certa forma improváveis. Rússia, China e Brasil estão claramente ainda apostando no capitalismo, e mantêm grande parte de suas reservas em dólares nos mesmos bancos que os venezuelanos estão planejando abandonar.

E o Banco de Pagamentos Internacionais na Suíça, onde a maioria do dinheiro é depositado, tem imunidade legal a apreensão de bens.
As propriedades podem muito bem estar sob riscos maiores nos países para os quais estão sendo transferidas, dos quais todos já emprestaram dinheiro para a Venezuela.

A razão mais provável para a decisão é a necessidade de dinheiro do governo.

The Economist, 6/12/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário