"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 8 de janeiro de 2012

CRACOLÂNDIA, UMA HISTÓRIA SEM AUTORES

Kassab mata no peito a ação na cracolândia. Alckmin esconde a cara e Dilma não está nem aí.

O Polícia Militar de São Paulo é um órgão estadual. Está sob as ordens do governador Geraldo Alckmin(PSDB). Foi a polícia do estado de São Paulo quem deflagrou, de forma precipitada, conforme a sua cúpula confessou, a operação para tentar resolver um drama que começa a ser gerado na esfera federal, pela falta de controle da entrada de drogas no país e pelo financiamento público da droga através da distribuição de dinheiro vivo feita pela Bolsa Família. Ou é novidade para alguém que traficantes se beneficiam do dinheiro vivo sacado na boca do caixa, em programas sociais, dali retirando grande parte da sua receita junto às camadas mais pobres?


No entanto, o que estamos vendo é que somente Gilberto Kassab (PSD) está botando a cara à tapa. Apenas ele está justificando a injustificável traição cometida pela Polícia Militar de São Paulo, em busca dos louros da operação, para que a mesma tivesse influência na indicação do próximo comandante da corporação. Assim como Aécio Neves sumiu nas enchentes, Geraldo Alckmin esfumaçou na ação na cracolândia. Parece que fugir das responsabilidades e das más notícias virou a estratégia preferida dos tucanos.

Todos sabem que ao município cabe a pior parte, a ação social em busca da internação voluntária ou com a autorização da família de quem, na maior parte das vezes, está por ela abandonado. É o município que coordena, dentro do atual modelo de saúde do país, o tratamento aos dependentes químicos. Não cabe ao município condenar e impedir o tráfico, prender traficante ou evitar que sejam formados bolsões como a cracolândia. Para isso existem a Polícia Federal, a Polícia Militar, a Polícia Civil. Segurança é com o Estado. Saúde, neste caso, é com o Município. São estas polícias, representando a presidente Dilma e o governador Alckmin, que devem dar as respostas repressivas ao tráfico e ao uso de drogas. Ao prefeito Kassab cabe limpar a sujeira e garantir condições de tratamento a quem aceitá-lo ou for encaminhado pela Justiça.

No entanto, em conluio com a imprensa paulistana, querem jogar o lixo em cima do prefeito. Está na hora de chamar Alckmin e a Dilma às suas responsabilidades, que são muitas, as maiores por sinal. Mesmo que para o governador e a presidente a existência da cracolândia em São Paulo seja uma excelente arma suja a ser usada nas próximas eleições municipais, pois será muito fácil dizer, como já é dito abertamente na esgotosfera, que este é um problema da Prefeitura. Está hora de Gilberto Kassab parar de aceitar um ônus que não é seu, em busca de reconhecimentos que jamais virão. Está na hora de entregar o cachimbo na mão dos maiores responsáveis: o Governador do Estado e a Presidente da República.

coroneLeaks

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