"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 1 de janeiro de 2012

ESTE ANO PROMETE...

O brasileiro começa 2012 esmigalhado. Literalmente esmigalhado. Vai continuar vivendo das migalhas distribuídas pelo regime de Núcleos de Dominação Nacional (DND), marca desse terceiro governo Lula presidido por Dilma.

Ao apagar das luzes desse inerte e corrompido ano de 2011, o Congresso Nacional, grande casa de tolerância politiqueira desbragada, chantageou o grupo palaciano para aprovar o Orçamento de 2012. A malfeitoria se deu exatamente às 23h50 da antevéspera do Natal. Os malfeitores se deram bem.

O governo, acostumado a esse tipo de constrangimento, colocou no balcão de negociação mais de R$ 300 milhões, para atender às exigências das bases eleitorais dos 82 deputados e senadores que compõem a Comissão Misturebaa de Orçamento (CMO).

Cada um dos titulares e suplentes da comissão achacou individualmente do governo o compromisso de liberação imediata de R$ 3 milhões em emendas parlamentares. Dessas que a gente já sabe, saem sempre pior que o soneto.

VELHA PIADA

O "preço por cabeça" da chantagem política que esmigalhou os reajustes salariais dos servidores públicos e o devido aumento real das aposentadorias acima do salário mínimo acabou saindo mais caro. E o prejuízo ficou por conta da oportunista pior oposição que a política brasileira já teve na sua história.

Deu-se no meio da negociata a reedição da velha piada lusitana: um miserável espanhol, chamado Manuel, diante da vitrine cheia de coisas que ele queria mas não podia comprar, leu o anúncio: "Aproveite a ocasião". Não teve dúvidas, quebrou avitrine e pegou tudo o que podia.

Pois, foi bem assim que as coisas ocorreram no Congresso antes que o pano baixasse. Preocupado com as eleições municipais que vêm por aí e sabendo do quanto é nanica a bancada oposicionista diante da esmagadora maioria governista, o DEM aproveitou a ocasião: exigiu que a cota de R$ 3 milhões fosse estendida a cada um de seus 27 deputados, e não apenas aos seis que são da comissão.

Quer dizer, os servidores públicos e os aposentados que ganham mais de um salário mínimo que se explodam. O que importa é quando os balconistas vão meter a mão na grana que compra votos e consciências pelos seus currais eleitorais.

E o presidente do DEM, senador Zé Agripino ainda confessa o malfeito, com ares de grande benfeitor: "O que o nosso pessoal fez foi negociar a liberação de um limite mínimo de recursos ao partido, e o governo cumpriu o compromisso".

Para que não se demonize os oposicionistas é bom que se diga que a banda coalizada a esse terceiro governo Lula presidido por Dilma diga-se, a bem da verdade, que a chamada "base" pediu muito mais. Fez jús ao cognome de al-Qaeda da primeira-presidenta.

Depois de hoje, além dos 11 feriadões que o Brasil tem pela frente, 2012 é pura eleição. E não se fala em mais nada. Este ano promete.

sanatório da notícia

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