Perguntem a Etelvino
Governador de Pernambuco em 1954, eleito para um mandato de dois anos substituindo Agamenon Magalhães, que morreu de repente em agosto de 52, Etelvino Lins lançou a candidatura do general gaúcho Cordeiro de Farias, pelo PSD, contra João Cleofas, da UDN. Naquela época, o Partido Comunista era forte em Pernambuco, sobretudo em Recife. Sabia-se que a eleição seria decidida pelo apoio do PC.
Surpreendentemente, Luiz Carlos Prestes decidiu apoiar o usineiro udenista contra seu dileto companheiro da Coluna Prestes, do qual se separou a partir da revolução de 30 e sobretudo do levante de 35.
O PC de Pernambuco resolveu que, para causar maior impacto, o documento público (“Prestes apóia Cleofas”) só seria publicado nas vésperas da eleição, em seu jornal “Folha do Povo”.
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PRESTES
Etelvino, velho delegado vindo da ditadura Vargas e apelidado de “reitor da Universidade da Rua da Aurora”, onde funcionava a polícia, planejou um golpe sujo. Preparou uma edição fraudada da “Folha do Povo”, editada igualzinha às edições normais, com material internacional na linha do PC, trechos de artigos publicados em edições anteriores, um manifesto falso de Prestes e a manchete “Prestes apóia Cordeiro”.
O governador organizou um enorme esquema de distribuição e deixou tudo pronto para a própria polícia e grupos de menores jornaleiros fazerem entrega numa noite só. E esperou a última semana.
Quando a polícia soube que a edição verdadeira da “Folha do Povo”, com o manifesto de Prestes apoiando Cleofas, começava a ser montada na gráfica, Etelvino mandou desligar a luz de Recife a noite inteira.
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CORDEIRO E CLEOFAS
Os comunistas, desesperados, precisavam jogar seu jornal na rua no dia seguinte. Mas o que apareceu de manhã nas bancas de jornais, nas sedes das entidades sindicais, estudantis e culturais ligadas ao PC e nas esquinas de Recife foi a edição forjada com Prestes mandando votar em Cordeiro.
Sem DDD, sem celular, sem acesso a Prestes, a grande imprensa de Pernambuco não conseguiu desmentir a mentira a tempo. Ganhou Cordeiro.
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LULA
Com mais de dez partidos pendurados no apoio, nos cargos e nas verbas do governo, já começou nos estados a guerra para ver quem vai dizer que é o candidato de Lula a prefeito nas capitais e grandes cidades.
Lula já deu a partida de sua participação na campanha, carregando Fernando Haddad em São Paulo. Quando melhorar, já avisou que pretende anunciar a distribuição de bilhões em palanques e comícios, escandalosamente fingindo que está lançando o PAC ou os tais Territórios da Cidadania.
Quando subir nos palanques, atrás dele, disputando espaço de papagaios de pirata, para saírem nas TVs e jornais, os candidatos se empurrarão como jogador de futebol na área, em cobranças de escanteios.
Se para prefeito já está assim, imaginem como será para governador e presidente em 2014, com o PT desgastado e desmoralizado e os aliados querendo apoio para seus candidatos, mais fortes do que os petistas.
Como Etelvino, vão acabar fabricando fraudes e apagões eleitorais.
02 de janeiro de 2012
Sebastião Nery
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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