Em seu livro “A ética protestante e o espirito do capitalismo”, obra acessível mesmo aos não iniciados em estudos sociológicos ou econômicos, Weber esclarece que a busca impulsiva pelo ganho, comum a qualquer indivíduo, é muito diferente do que se dá, essencialmente, no capitalismo.
Nele, ao contrário, o que se busca é uma procura racional pelo lucro, baseada na racionalidade e no cálculo, os quais mantêm a sua existência como sistema econômico.
Considerando-se esse enfoque, seu caráter exploratório adquiriria um caráter secundário.
Obviamente, isso abre, à primeira vista, uma ressalva ao conceito weberiano de capitalismo, considerando a forma como este se manifesta na prática.
Contudo, enriquece o contraditório ao oferecer uma alternativa ao enfoque marxista, ainda às voltas com leituras equivocadas repletas de vieses claramente ideológicos, que acabam por comprometer seus fundamentos.
A propósito, a máxima um tanto jocosa que diz “Marx não era marxista” deve-se, em muito, às leituras pouco fiéis de sua obra.
DESAJUSTES
Todavia, que ninguém se iluda e entenda a abordagem capitalista weberiana como fantasiosa. Importante assinalar que ele mesmo se deu conta da tendência asfixiante da economia de mercado, ao dar-se conta da concorrência de diversas variáveis que, a todo o momento, intervêm no capitalismo, donde se pressupõe seus desajustes.
A facilidade com que Weber transitava em História, Sociologia e Economia, e o vasto material que nos deixou para estudo, é digno de uma análise detalhada e desprovida, até onde possível, de ideias preconcebidas. Impossível, é claro, ante as distorções econômicas brutais que se pode testemunhar, que muitos prefiram a saída mais prática e apelem logo para o “revolucionário”.
No entanto, o que se salienta, aqui, é a importância teórica de um autor, propondo um confronto intelectualmente honesto entre abordagens distintas de um mesmo fenômeno.
31 de março de 2013
Ricardo Dantas Faria
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