"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 7 de maio de 2013

VENEZUELA-CUBA-BRASIL: DITADURAS E ANESTESIAS

    
          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo 
Na Venezuela, uma deputada da oposição ao chavismo é pisoteada pelos deputados comunistas, em plena Assembleia Nacional, e ao risos de seu presidente, Diosdado Cabello.
Na ONU, junto à Síria, Irã e Coreia do Norte, o Brasil defende a cruel ditadura cubana com unhas e dentes.

Alguns fatos ocorridos recentemente, mas que o turbilhão pós-moderno já os deixou semi-enterrados. Cremos, porém, que é importante resgatá-los, pois continuam gerando conseqüências para milhões de pessoas na Venezuela, Cuba, Brasil e nas Américas.


1.
Na Venezuela, deputados chavistas propinaram um brutal golpe em deputados opositores no próprio recinto da Assembléia Nacional. Foi literalmente uma emboscada. As portas do recinto foram trancadas, os circuitos internos de televisão foram desconectados e começaram os pontapés e socos contra os deputados opositores. Os chavistas se iraram contra a deputada María Corina Machado, ex-candidata presidencial e uma das vozes mais lúcidas de denúncia do totalitarismo chavista e pós-chavista, que foi pisoteada selvagemente no chão do recinto, com uma especial nota de covardia pelo fato de ser uma mulher.
Essa agressão friamente calculada, que se desenvolveu sob as risadas do presidente da Assembléia Nacional, Diosdado Cabello, merece levantar de indignação os congressistas de todos os países das Américas, da OEA e dos organismos de direitos humanos internacionais. Até o momento, poucas vozes internacionais se levantaram para condenar essa barbárie. A oposição venezuelana poderia organizar viagens de parlamentares pelas Américas e Europa para mostrar ao público, de maneira documentada, esse atropelo do chavismo, junto com as provas de fraude eleitoral de que dispõe.
 
2.
São importantes as declarações do prefeito do distrito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma a El Nuevo Herald, de Miami, advertindo que se está implantando na Venezuela uma neo-ditadura, continuadora do chavismo, e que a emboscada na Assembléia Nacional é parte fundamental desse processo de destruição das instituições.
 
3.
Sobre o cordão umbilical político-financeiro que une Venezuela e Cuba. A dirigente das Damas de Branco, a cubana Berta Soler, em visita aos Estados Unidos, responsabilizou o regime venezuelano por prolongar o sofrimento do povo cubano com os envios gratuitos de petróleo aos irmãos Castro. Esses envios de petróleo, advertiu a Srª Soler, funcionam como “válvulas de oxigênio” para que os Castro se mantenham no poder. Palavras simples, claras e valentes. Berta Soler, comentando o denominado “embargo norte-americano” ao qual o regime cubano costuma culpar pela miséria de Cuba, também respondeu com palavras simples e claras explicando que “o embargo, o bloqueio, está dentro de Cuba”, com presos políticos e falta absoluta de direitos humanos, e que até que não haja uma democracia autêntica em Cuba, ela é partidária de que continuem as pressões sobre o regime de Havana.
 
4.
A respeito do cordão umbilical político que parece unir Brasil e Cuba. Na recente reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, indo na contramão de inúmeros países ocidentais lá representados, o governo brasileiro se dedicou a defender o regime cubano e a evitar sua condenação. Basta dizer que os aliados de Brasil e Cuba foram os representantes da Síria, Irã e Coréia do Norte. Os diplomatas brasileiros se dedicaram a elogiar o regime castrista, e contribuíram para sabotar uma iniciativa de governos ocidentais para que a Cruz Vermelha Internacional tenha acesso aos cárceres cubanos.
A blogueira cubana Yoani Sánchez disse que o regime cubano usa o respaldo internacional do Brasil para evitar uma autêntica abertura política e para se manter no poder. Acrescentou que a presidente Dilma “brinca com fogo” apoiando o regime de Havana, e disse que as “reformas” anunciadas por Castro são cosméticas e superficiais.
 
5.
Em Genebra, a entidade UN Watch denunciou a “espetacular fraude” promovida por Cuba para maquiar a situação deplorável de direitos humanos na ilha, articulando centenas de ONGs internacionais artificiais que se dedicaram a tecer loas ao regime cubano.
UN Watch criticou também, duramente, a UNESCO e o escritório da ONU em Cuba, pelos elogios “grosseiramente enganosos” que estas entidades incluíram em seus informes pró-castristas ante o Conselho de Direitos Humanos da ONU.
 
6.
Destaque Internacional compartilhou com seus leitores cinco notícias que despertam sentimentos contrapostos. Por um lado, profunda preocupação com a situação na Venezuela e em Cuba. Por outro lado, agradável surpresa pelo fato de ouvir vozes que se levantam com decisão e lucidez para denunciar o castrismo e o chavismo, contribuindo para quebrar a camada psicológica de indiferença e anestesia que parece cobrir setores da opinião pública das Américas.

07 de maio de 2013
CubDest - Destaque Internacional - Ano XV - nº 376 - 06 de maio de 2013. Editorial interativo. Pode-se difundir livremente, parcial ou totalmente, sem citar a fonte. Responsável: Javier González. São bem-vindas sugestões, opiniões e críticas.
Tradução: Graça Salgueiro

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