"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 18 de setembro de 2011

DILMA E O "TOMA-LÁ-DÁ-CÁ": "EU NÃO DEI NADA PRA NINGUÉM QUE EU NÃO QUISESSE".


Um vídeo com trecho da entrevista concedida por Dilma a Patricia Poeta, exibido no Fantástico deste domingo (11), está fazendo sucesso em meio à petistosfera internética. Assistam, voltamos em seguida:

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Na descrição do vídeo no Youtube, o usuário que o editou e publicou não teve dúvidas: foi uma resposta “na lata” da presidente à entrevistadora, que teria tido seu “dia de Agripino Maia”. A referência ao senador potiguar do DEM é por causa de uma resposta da então ministra Dilma Rousseff a ele durante depoimento em comissão do Senado em 2008, quando Dilma admitiu ter mentido às autoridades durante o regime militar e foi aplaudida pelos presentes.

A resposta completa da presidente a essa questão, transcrita por Reinaldo Azevedo (a íntegra da matéria com Dilma pode ser assistida no site do Fantástico em duas partes), foi essa:

“Eu não dei nada pra ninguém que eu não quisesse. Nós montamos o governo de composição. Caso ele não seja um governo de composição, nós não conseguimos governar. A minha base aliada, ela é composta de pessoas de bem. Não é possível que a gente chegue e diga: ‘Todos os políticos são pessoas ruins; não é possível isso no Brasil…. Vou tomar uma água.”

A primeira frase trata-se de uma obviedade: a própria expressão “toma-lá-dá-cá” já indica troca consenual. Além disso, quando o agente do “toma-lá” não quer, o “dá-cá unilateral” tem outro nome.

À diferença de Agripino, Patricia Poeta não tentou confrontar a presidente. Se quisesse, não faltariam exemplos de “toma-lá-dá-cá” no governo petista: “toma lá” o Ministério da Agricultura, “dá cá” os votos do PMDB no Congresso. “Toma lá” uma liberação de verbas de emergência, “dá cá” as chances dos parlamentares agraciados assinarem o requerimento para a CPI da Corrupção. “Toma lá” uma deferência a José Dirceu no congresso do partido, “dá cá” o apoio das alas dirceuzistas do governo e do PT…

Enfim, nem o mais ferrenho petista poderia afirmar que forças como o PMDB de Temer, Renan e Sarney, o PR de Valdemar Costa Neto, entre outros, apóiam Dilma em nome de afinidades programáticas. Mas isso não os impede de comemorar e divulgar o vídeo acima.

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