Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
sábado, 19 de novembro de 2011
OS MEIOS E AS MENSAGENS
Na adolescência fui um leitor apaixonado de ficção científica, viajava para cidades futurísticas em astronaves interplanetárias com armas mortíferas, o radinho de pulso do Dick Tracy era o máximo da tecnologia, só depois viria o telefone com imagem dos Jetsons. Mas nunca li ou ouvi falar de nenhuma fantasia semelhante a uma caixinha chata com uma tela, um teclado e uma câmera, em que se falava com qualquer um no mundo inteiro, de graça, e ainda se via filmes, fotos e quadros, se ouvia a música que se quisesse, se lia e se dava opinião sobre tudo, se comprava o que o seu crédito suportasse. Seria absolutamente inverossímil e risível, sem nenhuma base científica, nem um adolescente idiota do final dos anos 50 acreditaria.
Na juventude distante fui um leitor entusiasmado de pensadores anarquistas, Bakunin, Proudhom, sonhando com um império da liberdade e da responsabilidade individual, com o fim do Estado como pai, mãe, patrão, ou religião. Para Proudhom, ser governado era “ser observado, fiscalizado, controlado, numerado, doutrinado, avaliado, punido, autorizado, taxado, explorado, corrigido, licenciado, comandado – sob o pretexto da utilidade pública – por criaturas que não têm o direito, nem a sabedoria e nem a virtude para isto”.
Ainda vale o escrito, mas o que Proudhom pensaria no mundo da internet, com sua liberdade sem limites e sem controles do Estado, de monopólios ou burocracias partidárias? Os velhos anarquistas aposentariam as bombas e alistariam hackers libertários?
E Marx? E Freud? E Jung? Que teorias teriam desenvolvido em um mundo com essas liberdades e possibilidades, com o planeta todo interligado e interagindo, sem intermediários, como nem a mais delirante ficção científica ousou oferecer? O que escreveriam Machado de Assis, Eça de Queiroz e Proust com um Google? Que filmes o adolescente Glauber Rocha faria com uma câmera de celular? O que Camões, nas caravelas com seu laptop, postaria em seu blog Lusíadas.com, hospedado em uma nuvem à prova de naufrágio? Que Ilíadas e Odisseias Homero digitaria em seu tablete roubado dos deuses do Olimpo?
19 de novembro de 2011
Nelson Motta
Fonte: O Estado de S. Paulo, 18/11/2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário