Os elogios a seu nome vêm de todos os lados, embora não haja mistério sobre algumas de suas opiniões mais polêmicas --como a permissão de aborto para fetos anencéfalos, e a defesa das postulações de Cesare Battisti.
"Desta vez", disse o oposicionista Aécio Neves (PSDB-MG), "a presidente Dilma acertou".
Andre Borges/Folhapress |
O advogado Luís Roberto Barroso, na sabatina do Senado |
Já sem o azedume crítico e a retórica de outros tempos, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) considerou que não se lembrava de um indicado ao Supremo com as qualidades de Barroso.
Referia-se, principalmente, às atitudes do candidato. Barroso parecia muito descontraído, amigável e modesto.
"O juiz não é um sabe-tudo", disse ele, "e não é o melhor árbitro em qualquer questão que se apresente".
De fato, a sabatina foi o lugar para que qualquer questão se apresentasse. Muitos senadores aproveitaram a ocasião para expressar suas preocupações sobre o país em geral.
Falaram sobre os massacres no campo, o atendimento de saúde, a inautenticidade dos partidos políticos. Temas sobre os quais, naturalmente, volta e meia o Supremo se manifesta --mas a diferença entre problema jurídico e questão política nem sempre foi levada em conta.
E, afinal, Barroso não é candidato à Presidência da República para ter de apresentar soluções sobre tudo.
MENSALÃO
Em perguntas mais específicas, entretanto, ele se esquivou. Tinham de questioná-lo, por exemplo, sobre os temas do mensalão. Admitirá os recursos apresentados pelos réus?
Barroso não quis responder, porque seria o equivalente a adiantar seu voto no julgamento. Mas --reagiu o senador Pedro Taques-- se ele ainda não é ministro, não está revelando voto nenhum. E se não diz como vê a questão, o próprio objetivo de uma sabatina se esvazia...
Mas talvez fosse ruim que a sabatina se condensasse numa espécie de pesquisa de opinião. O ministro não é um representante do Senado --é alguém a ser avaliado em função de sua reputação, de seu bom senso, de sua visão de mundo geral (liberal de centro-esquerda, podemos dizer no caso).
Face ao risco, tão presente nestes tempos, de estrelismo e desequilíbrio emocional nos membros do Supremo, tudo leva a crer que Barroso é uma pessoa de mais convivialidade, modéstia e senso prático quanto às limitações do cargo. O piquenique foi ensolarado e doce.
06 de junho de 2013
MARCELO COELHO - FOLHA DE SÃO PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário