"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ESCÂNDALO NO PANAMERICANO RONDA O MINISTRO MANTEGA

Emails em poder da PF revelam pressão do ministro da Fazenda para indicar um preposto no banco; nota numa coluna política revela que o homem mais poderoso de Brasília pode deixar o governo; há sinais de fumaça na área econômica
Foto: CELSO JUNIOR/AGÊNCIA ESTADO_Divulgação

Até agora, a faxina ministerial da presidente Dilma Rousseff já fez sete vítimas – Antônio Palocci, Alfredo Nascimento, Nelson Jobim, Pedro Novais, Wagner Rossi, Orlando Silva e Carlos Lupi.

Todos esses foram substituídos sem maiores tremores.

Só que, nos últimos dias, começaram a surgir sinais de fumaça na área mais estratégica do governo: o Ministério da Fazenda. Sim, o ministro Guido Mantega, também pode estar ameaçado. Basta juntar alguns fatos recentes para identificar que há algo estranho no ar.

A eles:

(1) A Folha de S. Paulo que chega às bancas neste domingo, mais uma vez, revela a interferência de Mantega na operação que fez com que a Caixa Econômica Federal investisse R$ 739,3 milhões na compra do Panamericano.

A operação foi conduzida pelo braço de Mantega na Caixa, o vice-presidente Marcio Percival.

E segundo um email publicado pela Folha, Mantega pressionou o Panamericano para que seu pupilo Demian Fiocca fosse indicado para o banco.

Fiocca foi um nome levado por Mantega para a presidência do BNDES, no governo Lula, e também para uma diretoria da Vale.

De acordo com a reportagem da Folha, a Caixa soube dos problemas do Panamericano antes de comprá-lo.

E um email em poder da PF, dirigido por Rafael Palladino, ex-presidente do Panamericano, a Luiz Sandoval, que era braço direito de Silvio Santos, revela a pressão por Fiocca.

(2) Na sexta-feira, o jornalista Claudio Humberto, um dos mais influentes de Brasília, com uma coluna reproduzida em mais de uma dezena de jornais, informou que o ministro Guido Mantega vive um dilema.

Pensa em sair do governo em janeiro, porque sua esposa estaria enfrentando graves problemas de saúde.

Quem leu, entendeu de outra maneira. Foi uma mensagem cifrada para que Guido saia do governo pela porta da frente – e não pela porta dos fundos.

(3) Aqui mesmo, no 247, nosso colunista Arthur Virgílio publicou um artigo sobre o temor do mercado financeiro em relação a algum possível escândalo que atinja uma figura proeminente da área econômica. Essa figura se chama Guido Mantega.

Guido Mantega está na alça de mira dos adversários por uma série de razões.

Num governo centralizador e sem um núcleo duro, ele foi ocupando espaços, embora seja visto, erroneamente, como um ministro sem ambições.

Guido hoje tem grande influência no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, no BNDES e no Banco do Nordeste.

É o “fraco” mais forte que o Brasil já conheceu.

Além disso, a queda do ministro Antonio Palocci deixou sequelas. A ala paloccista do PT atribui ao chefe da Fazenda as denúncias que derrubaram o ex-ministro da Casa Civil – o que envolveu até uma quebra de sigilo fiscal.

O ponto mais sensível para o ministro Mantega talvez seja o caso Panamericano.


A Caixa Econômica Federal alega que foi vítima de uma fraude.

Mas o fato concreto é que o governo socorreu duplamente o banco de Sílvio Santos –primeiro por meio da Caixa, depois com o Fundo Garantidor de Crédito.

Dois executivos indicados por Mantega, Marcio Percival e Marcos Vasconcelos, egressos da Unicamp, já foram convocados pela Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados para explicar o caso Panamericano.

Agora, terão também de dizer porque a Caixa investiu R$ 739 milhões no banco já tendo ciência de problemas internos.

05 de Dezembro de 2011

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