"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 10 de dezembro de 2011

LEMBREM-SE DO "DOSSIÊ CAYMAN". BANDIDAGEM VOLTA A AGIR!

Os mais jovens não se lembram. Já lá se vão 13 anos!!! É, leitor! 13 anos!!!
Leiam o que informou a Folha há apenas 10 dias. Volto depois:


Justiça condena pastor por dossiê contra PSDB em 98

A Justiça Eleitoral condenou o pastor evangélico Caio Fábio D’Araújo Filho a quatro anos de prisão por seu envolvimento no chamado “dossiê Cayman”, informa reportagem de José Ernesto Credencio, publicada na Folha desta terça-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

O conjunto de papéis comprovadamente falso surgiu como tentativa de incriminar a cúpula do PSDB na campanha de 1998. Caio Fábio, o único condenado pelo episódio até agora, foi considerado responsável por elaborar e divulgar o dossiê, incorrendo em crime de calúnia, agravado por ter envolvido o então presidente da, Fernando Henrique Cardoso. Ele pode recorrer.
A sentença, da juíza de primeira instância Léa Maria Barreiros Duarte, é baseada em uma investigação da qual participou também o FBI, a polícia federal norte-americana.

Voltei.
Quem teve, como tive, acesso a parte daqueles documentos ficava realmente impressionado com a “riqueza” de detalhes. Deve haver algum mecanismo psíquico nos profissionais da malandragem que os obriga a cuidar dos… detalhes!
O tal dossiê acusava toda a cúpula tucana — FHC, Mário Covas, José Serra, Sérgio Motta, entre outros — de manter uma conta no exterior. Durante anos — ATENÇÃO, ANOS!!! —, a imprensa falava em “possível dossiê”, “suposto dossiê”, “um dossiê”, mas nunca “falso dossiê”, mesmo depois de as pegadas da bandidagem serem mais do que evidentes.

Finalmente, comprovou-se, sem margem para erro, tratar-se de uma armação da pesada. Mesmo na imprensa séria, alguns jornalistas “investigativos” decidiram ser especialistas no assunto. E tudo não passava de uma fantasia, de uma conspiração mesmo, para incriminar adversários políticos.

A história tem seus lances de impressionante cinismo. Tentaram, sim, vender o papelório para o PT. O partido não comprou — afinal, em matéria de “dossiês falsos”, não precisa recorrer a terceiros. Não comprou, mas pôs os olhos na papelada, avaliou a possibilidade.
Mesmo não estando, no caso de Cayman, na origem do crime, tornou-se depois um seu divulgador informal. Nos bastidores, eram muitos os petistas que asseguravam aos jornalistas que era, sim, tudo verdade.

A vantagem dos criminosos sobre as pessoas decentes é esta: eles não têm nada a perder.

A mesma quadrilha de subjornalistas que deu apoio aos mensaleiros, aos aloprados, os fazedores de dossiês em período eleitoral — a, em suma, ladrões de dinheiro público — volta a atacar. Há dias, ficamos sabendo que “eles” iriam contratar um grupo de pessoas para patrulhar a rede. Eis aí.

Bem, dizer o quê? Trata-se de um assunto de POLÍCIA, NÃO DE POLÍTICA.

O que se espera é que a Justiça não demore outros 13 anos para punir vigaristas.

Por Reinaldo Azevedo

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