Um retrato cínico do Capitalismo Financeiro.
O mundo hoje possui uma complexidade que dificilmente pode ser compreendida por uma pessoa comum. Um elemento que é importante para que nosso entendimento seja mais amplo é a noção de como funciona o chamado capitalismo financeiro.
Sim, de como o sistema funciona não somente à partir da produção, mas também da especulação. Nesse sentido, Margin Call, esse filme com um estranho título, é pedagógico.
No começo, achei que o filme não conseguia passar com clareza o que acontecia em meio à sua trama sobre um banco de investimentos que descobre, através de uma equação, que sem nenhuma dúvida, vai à bancarrota.
Mas depois, comecei a pensar que Margin Call justamente, apesar de não ser simples, explica o que aconteceu com o Lehmann Brothers, banco que quebrou durante a crise do mercado imobiliário norte-americano.
Assim, o filme propicia um conhecimento, uma certa iluminação, sobre uma das mais recentes crises do capitalismo. Com atores acima da média, como Kevin Spacey e Jeremy Irons, essa produção dirigida por J. C. Chandor parece frustar os espectadores ao final, prometendo uma reviravolta que não acontece, mas é permeado por uma tensão interessante.
Ao mostrar o funcionamento do mundo especulativo, Margin Call faz uma homenagem ao mundo dos altos executivos, parte da recente mitologia de Hollywood, produzida em filmes como Nas Nuvens (Up in the Air, 2009) com George Clooney, e o filme que está em cartaz nesse exato momento, a bobagem Não Sei como Ela Consegue, com Sarah Jessica Parker, onde uma executiva se divide entre o trabalho e a família.
Por outro lado, o filme se pretende uma crítica ao sistema e aos personagens que ele cria, se aproximando, e aí fica mais interessante, do fabuloso Sucesso a Qualquer Preço (The Glenglary Glen Ross, 1992), baseado na peça de David Mamet, estrelando Jack Lemmon, Al Pacino e Alec Baldwin.
Essa postura crítica é produzida no olhar sobre as relações de poder entre os executivos do banco fechados em uma sala, nos personagens tipificados, como o nerd especializado em propulsão espacial, que busca o mercado financeiro pelas recompensas materiais, o brilhante engenheiro de pontes que é demitido, mas descobre o rombo no banco, o chefe, que é um gênio na venda de ações, e que tem sua vida privada em frangalhos, o executivo principal, que como os reis havaianos, é um tubarão que caminha sobre a terra.
Fonte:Wikipedia
Essa crítica ao sistema também passa por desvendar a futilidade daqueles que especulam no mercado, gastando seus honorários com carros de luxo e prostitutas. É um retrato cínico do capitalismo financeiro, que mostra uma espécie de epicentro do furacão: de como uma crise de graves proporções, que afeta pessoas comuns no mundo inteiro, pode ser uma opção decidida em um andar de um prédio qualquer em Wall Street.
Além disso, a crise é algo que veio antes, provinda da irracionalidade e da incapacidade dos homens de prever o mercado, essa espécie de Behemoth, monstro bíblico que Thomas Hobbes utilizou como metáfora da rebelião e da guerra civil, em oposição ao Leviatã, que estaria associado ao Estado garantidor da paz.
Por Francisco Taunay
9/12/2011
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
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"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
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