A renovação do mandato da diretoria do clube dos cafajestes segue em frente disfarçada de ‘reforma ministerial’
Só depois de gravar o comentário de sexta-feira para o site de VEJA é que me lembrei do post publicado em 19 de março deste ano, e que acaba de voltar ao ar na seção Vale Reprise. Título: O Brasil está fora da zona dos terremotos, mas permanece na rota dos mercadantes.
Um dos parágrafos inspirados em Aloízio Mercadante começa assim: “Essa estranha mistura de sabujice e arrogância precisou de dois ou três dias no emprego novo para virar especialista em coisas que ignora profundamente.
Bastou-lhe uma ligeira mirada na Região Serrana devastada pelas tempestades, por exemplo, para avisar que isso não se repetirá”.
Na semana passada, o ministro da Ciência e Tecnologia disse o contrário com o desembaraço sem remorsos que identifica os irresponsáveis vocacionais. Os falatórios são conflitantes. Mas igualmente cretinos.
Nesta segunda-feira, Dilma Rousseff confirmou que, na Era da Mediocridade, quanto mais bisonho é o desempenho de um ministro maior é a chance de ser promovido. Graças aos desastres acumulados no Ministério da Educação, o companheiro Fernando Haddad virou candidato do PT à prefeitura de São Paulo.
Graças à vexatória performance no emprego que ganhou como prêmio de consolação pelo naufrágio na disputa do governo paulista, Mercadante deverá ser premiado pela chefe com o gabinete em que Haddad agiu. A substituição de Tarso Genro pelo Terror dos Estudantes confirmou que, no Brasil de Lula e Dilma, o que está muito ruim sempre pode ficar péssimo. A promoção do Herói da Rendição provará que sempre é possível ir um pouco além do que parece o fundo do poço.
Muitos por vassalagem, outros tantos por cinismo, alguns por estupidez, a maioria dos jornalistas insiste em chamar de “reforma ministerial” a sequência de movimentos desastrados empreendida por Dilma. Começou com a absolvição de Fernando Pimentel, foi em frente com o aviso de que Iriny Lopes seguirá no comando da usina de ideias imbecis disfarçada de Secretaria de Políticas para as Mulheres e deve prosseguir com a transferência de Aloízio Mercadante.
O que está em curso nada tem a ver com uma reforma ministerial sem aspas. É só a renovação do mandato da diretoria do clube dos cafajestes. A turma faz de conta que alguma coisa mudou para que tudo continue igual. Ou fique um pouco pior.
Por Augusto Nunes - Veja Online
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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