QUARTO DE DESPEJO
Na véspera da posse, depois do golpe de 64, Castelo Branco pediu ao governador Ademar de Barros que indicasse o ministro da Agricultura. Ademar indicou um amigo. Castelo telefonou e convidou.
– Presidente, agradeço, mas antes tenho que consultar o governador.
– Não precisa consultar não, que agora já decidi convidar outro.
E bateu o telefone. Ademar indicou seu secretário da Agricultura, o agrônomo Oscar Thompson, Castelo nomeou e dois meses depois demitiu “por falta de unidade de pensamento”. E nomeou o paulista Hugo Leme. Em 65, Hugo Leme caiu e foi substituído pelo coronel paranaense Ney Braga.
Feito presidente, Costa e Silva convidou o prefeito de Curitiba Ivo Arzua para o BNH. Foi para Brasília tomar posse, mas foi vetado pelos construtores. O jeito foi Costa e Silva “rebaixá-lo” para o ministério da Agricultura. Arzua não entendia nada. Trancou-se uma semana na Copamar (Cooperativa Agrícola de Maringá), fez um curso intensivo e assumiu.
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STEPHANES
O ministério da Agricultura sempre foi quarto de despejo dos governos no Brasil. O único ministro de que se tem notícia durando um governo inteiro foi o mineiro Alysson Paulinelli, que entrou e saiu com Geisel, cinco anos depois, e também por isso, foi o melhor ministro da Agricultura que o País teve.
Lula deu sorte na Agricultura. No primeiro governo, Roberto Rodrigues, excelente ministro. Agora, depois de vários agropicaretas, convidou um veterano e exemplar servidor público, Reinhold Stephanes (PMDB-PR).
Não é fácil, no Brasil, passar por quatro governos (diretor do Incra com Médici, do INPS com Geisel, ministro da Previdência com Collor e Fernando Henrique) e nunca ser acusado, sequer insinuado, de nada. Antes, professor, secretário da prefeitura de Curitiba e do governo do Paraná, deputado.
O primeiro ministro da Agricultura de Dilma, Wagner Rossi, nao durou um ano.
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ROYALTIES
Desde que a Petrobrás nasceu, em 3 de outubro de 1953, começou a discussão: os donos das terras onde fossem descobertos petróleo ou gás teriam direito a royalty? O primeiro jurista importante a defender a tese foi Aliomar Baleeiro, professor, deputado da UDN pela Bahia e Guanabara, e ministro do Supremo Tribunal. Mas nunca conseguiu ver sua tese virar lei.
A Petrobrás alegava ser um patrimônio nacional, empresa publica com o monopólio da exploração do petróleo, e não podia ser sangrada distribuindo royalties por aí. E a tese não andava. Ninguém queria tocar na jóia da coroa.
Até que no começo dos anos 80, ainda no governo Figueiredo, a Petrobrás descobriu gás em terras do jovem empresário de Alagoas e militante do PMDB, Mauricio Moreira, que começou uma batalha pela imprensa e junto aos governos e políticos para transformar em lei o direito aos royalties.
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PETROBRÁS
Ele tem DNA de ações publicas. O avô, o pai e ele, segundo Lula, são “heróis nacionais e mundiais”, vulgo usineiros, donos da Usina João de Deus. O avô, coronel José Otavio, amigo de Juscelino, foi candidato a senador em 1962 pelo PSD, contra Arnon de Mello, e perdeu. O pai, Napoleão Moreira, conheci em Moscou em 1957, heroi-usineiro e comunista.
Em 94, afinal, o deputado Betinho Rosado, do PFL do Rio Grande do Norte, apresentou projeto na Câmara, que não passou. Quando Fernando Henrique acabou com o monopólio da Petrobrás na exploração do petróleo, não havia mais a defesa da sacralidade. Depois de 98, o royalty foi aprovado. E o alagoano Renan Calheiros, ministro da Justiça, regulamentou a lei.
Agora, os royalties do pré-sal se mantêm como uma nova polêmica nacional. É uma discussão que não acaba nunca.
06 de fevereiro de 2012
sebastião nery
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
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