"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 11 de agosto de 2012

HISTÓRIAS DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY


UM GOVERNO ESCALAFOBÉTICO

João Minervino Araújo era uma das maiores firmas comerciais da Paraíba. Veio a crise, embananou-se. Um dia, apareceu um advogado do Recife para cobrar títulos atrasados. Coronel Minervino ficou furioso:
- Doutor, nunca atrasei um título em toda a minha vida. Não sou culpado pela crise, que pegou todo mundo, no Estado todo, no País todo. Volte para Recife. Quando tiver dinheiro, pago.
- É, coronel, estou vendo que o senhor vai ficar em nossa firma como um cliente relapso.
- E eu estou vendo que o senhor é um advogado muito escalafobético.
- O que é escalafobético, coronel?
- Não sei não, doutor. Só sei que é um palavrão muito forte.

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RODRIGUES E MANTEGA

Em 2003, o ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, suave cantor de chorosos boleros, passou seis meses pedindo uma audiência a seu colega ministro Guido Mantega, do Planejamento, e não conseguiu.
Mandou um recado por um amigo de Mantega:
“Diga àquele vagabundo que ele vá à puta que pariu” (“O Globo”).
E contou a homenagem numa reunião com 30 deputados do governo. Com o escândalo, Roberto Rodrigues disse que “não teve intenção de ofender”. Imaginem se tivesse. Lula teria que mandar o governo todo sair da sala.
Caetano Veloso já tinha avisado que estes não são tempos amenos. Mas um ministro dizer isso a outro e continuarem os dois no governo, sentados lado a lado ou frente a frente nas reuniões ministeriais, era muito escalafobético.

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ALEGRE LANDO

O também ministro Amir Lando, com aquele ingênuo e encantado sorriso bobo-alegre de beata em festa da padroeira, em 2004 propôs aumentar em 3% a contribuição previdenciária dos empresários e trabalhadores.
Quando o País se escandalizou com o despautério, Lando no primeiro instante jogou o trambolho nas próprias costas. Mas não aguentou. Acabou dedurando: as equipes econômicas dos ministros da Fazenda (Palocci) e do Planejamento (Mantega) é que eram os autores da proposta.
O Palácio do Planalto tinha mandado jogar o barro na parede para ver se pegava. Não pegou, Lula escalafobético deixou Lando com a brocha na mão.

11 agosto de 2012
Sebastião Nery

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