Marx e Lênin disputam a autoria da célebre frase de que a História só se repete como farsa. Provavelmente o russo ampliou o conceito exarado pelo alemão, mas importa notar que estavam ambos certos.
Tome-se o que acontece no Paraguai. Beneficiário de um golpe que alijou do poder o presidente Fernando Lugo, o atual presidente, Federico Franco, dá os primeiros passos no sentido de pretender repetir Solano Lopes. Retoricamente, é claro, pela total falta de embasamento militar para enfrentar Brasil e Argentina.
Mas busca, o indigitado mandatário sem mandato, mobilizar a opinião pública de seu país contra os que seriam seus inimigos externos. Ameaça não vender mais o excedente de energia que brasileiros e argentinos compram dele, por absoluta falta de os paraguaios saberem o que fazer com ela. Fala em oferecer a novas indústrias, mas quais?
O governo de Assunção dispõe do direito contratual do uso de 50% da energia produzida nas usinas de Itaipu e Yaciretá, aliás, totalmente implantadas com dinheiro do Brasil e da Argentina. Como o Paraguai contribuiu apenas com a sua metade da água do rio Paraná, foi agraciado com a parceria benevolente. Sempre vendeu o que não utiliza. Até o Lula aumentou consideravelmente o preço da energia que produzimos e compramos, uma forma de ajudar nossos vizinhos.
Pois vem agora esse Solano Lopes em compota e fala em não “ceder” mais a energia que recebe no papel mas que fica por aqui mesmo.
A diferença é fundamental. Lopes tinha o apoio de seu povo, até com pendores para tornar-se o Napoleão dos trópicos. Estava fortemente armado. Seu país dispunha do mais bem equipado exército da América Latina, tinha indústrias, produzia tanto canhões quanto locomotivas. Invadiu e conservou territórios.
Deu um trabalho dos diabos até ser vencido no conflito cruel que durou cinco anos.
O que deseja seu atual sucessor? Apenas ameaçar, à maneira do rato que ruge, ou declarar guerra? Nesse caso, seria cômico se nós e os portenhos nos declarássemos previamente derrotados. Faria o quê, o presidente Federico Franco? Continuaria nos vendendo a energia que não utiliza…
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BRINCANDO COM FOGO
Continuam as centrais sindicais e parte do PT brincando com fogo. Em vez de contribuírem para um entendimento entre o governo e os funcionários públicos para pôr fim à greve que se generaliza, jogam gasolina no fogo.
Incentivam e estimulam paralisações em categorias ainda indecisas. Cálculos feitos ontem davam conta de 300 mil servidores em greve, num total de 500 mil, inclusive policiais mantenedores da ordem que deveriam estar proibidos de perturbá-la.
Em boa coisa não vai dar esse movimento, já que a presidente Dilma, se recuar e atender a todas as reivindicações, levará a administração federal à falência, além de tornar-se prisioneira do grupo interessado em ocupar o governo.
É claro que, isoladamente, cada categoria em greve tem motivos de sobra para pleitear reajustes. Funcionário público, à exceção dos marajás, ganha pouco e carece de planos de carreira. O problema repousa na orquestração e no objetivo das paralisações, que transcendem condições normais de temperatura e pressão. A pergunta que fica é se o Lula está fazendo alguma coisa para ajudar a sucessora. Se não está, deveria…
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DISPUTA DE MARKETING
Não parece apenas jurídica e política a luta travada em torno do mensalão. Os advogados e os simpatizantes dos mensaleiros também se dedicam ao marketing. Inundam os meios de comunicação com presságios a respeito do resultado final do julgamento.
A moda, agora, é sustentarem que alguns réus serão punidos, mas nenhum com a pena de cadeia.
Mal ou bem, justa ou injustamente, é cadeia que espera a voz rouca das ruas, impossível de ser ignorada.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal sabem disso, apesar de seus cuidados em não deixar-se levar pela opinião pública enquanto existirem argumentos para decidir à luz da lei e do Direito. Dúvidas, porém, inexistem: se ninguém for preso o Judiciário perde pontos.
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