Para ministro do Supremo, Tribunal tornou-se cemitério de inquérito e ações penais
SÃO PAULO - Um dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgam o mensalão, Marco Aurélio Mello disse nesta sexta-feira, após participar de um evento em São Paulo, que está “exaurido e assustado” com o julgamento e seu formato que, para ele, ocorre num “sistema obsoleto que precisa urgentemente ser revisto”. Segundo o ministro, que havia defendido o desmembramento do julgamento, o STF tornou-se “um cemitério de inquérito e ações penais” e não era a instância ideal para se julgar os 38 réus.
Além disso, Mello declarou que o mensalão paralisou todo o judiciário já que, ao avaliar um único processo, o STF “deixou numa fila cerca de 900 outros de extrema importância para a população”. Mello admitiu ainda que o fim do julgamento do mensalão pode não acontecer antes das eleições municipais de 7 de outubro.
- Estou exaurido de tanto ouvir. E sedento para que as explanações (da promotoria e da defesa) acabem para que, no próximo dia 16, comecemos logo a votar - disse o ministro, afirmando que seu voto será de improviso e que ainda não há nada resolvido sobre como se dará este voto entre os 11 ministros.
- Não sabemos se desmembraremos ou não a acusação da condenação das penas, caso elas existirem. Se cada ministro falar o que pensa e der a pena que ache correta, vai ser como um leilão, uma confusão que não sei se teremos resultado antes das eleições.
Mello não compareceu à sessão nesta sexta-feira em Brasília, afirmando ter “sido surpreendido pelo calendário do julgamento”, desta vez de segunda a sexta. Afirmou ainda que concorda com as declarações de um dos advogados de Defesa, Márcio Thomaz Bastos, de que o julgamento é uma “bala de prata”, já que, com um único ato, os ministros podem condenar réus tão diversos.
- Era por isso que defendia o desmembramento, o julgamento somente de três réus, os três com foro privilegiado (João Paulo Cunha, Pedro Henry, Valdemar Costa Neto). O restante deveria ir a tribunais comuns. O sistema é obsoleto. Começamos mal e consertar isso é muito difícil. Estamos assustados com isso e não há prazo mesmo para terminar - disse.
11 de agosto de 2012
Mariana Timóteo da Costa
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