Chega a ser espantosa a visão estreita que tenho observado em colunas (jornais e WEB) de jornalistas ─ que não são da esgotofesra, que não frequento ─ acerca do julgamento do mensalão. Não se trata de uma politização de uma decisão judicial, o que seria até aceitável. É muito mais que isto. E mais grave.
No primeiro dia reservado à defesa, diversos telejornais destacaram os argumentos apresentados pelos caros advogados dos mensaleiros. Ou seja, concentraram-se no acessório. É como olhar a árvore e não enxergar a floresta.
As opções são duas: condenação ou absolvição. O que representa cada uma delas, em sua essência, para o futuro do Brasil? A condenação é desejada pelo Brasil honesto, que se sente agredido por quem rouba e festeja o butim.
Absolver os réus equivale a um reconhecimento de que a Polícia Federal é ineficiente, as CPIs do Congresso são incapazes de investigar desmandos, o Poder Judiciário está mais próximo das chicanas do que do Direito e a impunidade tem um preço. É caro, mas está sempre ao alcança de bandidos que pagam com o dinheiro roubado de todos nós.
Os advogados que se revezaram na Tribuna ─ mais um detalhe despercebido ─ fizeram uma bizarra ginástica para defender seus clientes sem acusar os fregueses dos colegas. A estratégia? Desqualificar o Ministério Público, a Polícia Federal, o Congresso, o Poder Judiciário, a imprensa livre e os milhões de brasileiros que acompanharam estupefatos a linha de defesa.
A orquestração evidente sugeriu um acordo entre os integrantes de outra quadrilha. Uma quadrilha legal, mas desprovida de ética. Os advogados abriram mão de defender o acusado para atacar o acusador. Preferiram desdenhar do trabalho da Polícia, da CPI, da Justiça à defesa tópica de cada acusado. Conjugadas, as alegações finais sugeriam compadrio. Um chutava a bola levantada por outro. Eles nem tentaram camuflar a farsa.
Essa inédita defesa em grupo não seria mais uma prova de que uma quadrilha esteve em ação? Formada por quadrilheiros que até no julgamento permanecem unidos em torno dos mesmos objetivos?
Não sei como designar o coletivo de advogados. Creio que a língua portuguesa nunca precisou dessa expressão. A novilíngua petista saberá encontrar o termo adequado. Quadrilha legal, por exemplo.
11 de agosto de 2012
REYNALDO ROCHA
No primeiro dia reservado à defesa, diversos telejornais destacaram os argumentos apresentados pelos caros advogados dos mensaleiros. Ou seja, concentraram-se no acessório. É como olhar a árvore e não enxergar a floresta.
As opções são duas: condenação ou absolvição. O que representa cada uma delas, em sua essência, para o futuro do Brasil? A condenação é desejada pelo Brasil honesto, que se sente agredido por quem rouba e festeja o butim.
Absolver os réus equivale a um reconhecimento de que a Polícia Federal é ineficiente, as CPIs do Congresso são incapazes de investigar desmandos, o Poder Judiciário está mais próximo das chicanas do que do Direito e a impunidade tem um preço. É caro, mas está sempre ao alcança de bandidos que pagam com o dinheiro roubado de todos nós.
Os advogados que se revezaram na Tribuna ─ mais um detalhe despercebido ─ fizeram uma bizarra ginástica para defender seus clientes sem acusar os fregueses dos colegas. A estratégia? Desqualificar o Ministério Público, a Polícia Federal, o Congresso, o Poder Judiciário, a imprensa livre e os milhões de brasileiros que acompanharam estupefatos a linha de defesa.
A orquestração evidente sugeriu um acordo entre os integrantes de outra quadrilha. Uma quadrilha legal, mas desprovida de ética. Os advogados abriram mão de defender o acusado para atacar o acusador. Preferiram desdenhar do trabalho da Polícia, da CPI, da Justiça à defesa tópica de cada acusado. Conjugadas, as alegações finais sugeriam compadrio. Um chutava a bola levantada por outro. Eles nem tentaram camuflar a farsa.
Essa inédita defesa em grupo não seria mais uma prova de que uma quadrilha esteve em ação? Formada por quadrilheiros que até no julgamento permanecem unidos em torno dos mesmos objetivos?
Não sei como designar o coletivo de advogados. Creio que a língua portuguesa nunca precisou dessa expressão. A novilíngua petista saberá encontrar o termo adequado. Quadrilha legal, por exemplo.
11 de agosto de 2012
REYNALDO ROCHA
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