Dirceu: pena ‘só agrava a infâmia e a ignomínia’
Em nota veiculada em seu blog, o condenado José Dirceu reagiu ao castigo que o STF lhe impingiu na sessão desta segunda-feira. “A pena de dez anos e dez meses que a Suprema Corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo esse processo”, anotou.
Dirceu reiterou o lero-lero segundo o qual o julgamento do mensalão ocorre “sob pressão da mídia”. Disse que foi “marcado para coincidir com o período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos.” Repisa a alegação de que não há provas contra ele nos autos.
Otimista, anota que o julgamento “ainda não acabou”. Afora a possibilidade de impetração de recursos, o condenado invoca no texto seu “direito sagrado” de “provar” a “inocência”. Dirceu anuncia: “Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo pena.” Abaixo, a íntegra da manifestação do ex-chefe da Casa Civil de Lula, intitulada de “Injusta Sentença”:
"Dediquei minha vida ao Brasil, a luta pela democracia e ao PT. Na ditadura, quando nos opusemos colocando em risco a própria vida, fui preso e condenado. Banido do país, tive minha nacionalidade cassada, mas continuei lutando e voltei ao país clandestinamente para manter nossa luta.
Fui cassado pela Câmara dos Deputado e, agora, condenado pelo Supremo Tribunal Federal sem provas porque sou inocente.
A pena de 10 anos e 10 meses que a suprema corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo esse processo, que recorreu a recursos jurídicos que violam abertamente nossa Constituição e o Estado Democrático de Direito, como a teoria do domínio do fato, a condenação sem ato de ofício, o desprezo à presunção de inocência e o abandono de jurisprudência que beneficia os réus.
Um julgamento realizado sob a pressão da mídia e marcado para coincidir com o período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos. Um julgamento que ainda não acabou. Não só porque temos o direito aos recursos previstos na legislação, mas também porque temos o direito sagrado de provar nossa inocência.
Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo pena. Devo isso a todos os que acreditaram e ao meu lado lutaram nos últimos 45 anos, me apoiaram e foram solidários nesses últimos duros anos na certeza de minha inocência e na comunhão dos mesmos ideais e sonhos. "
12 de novembro de 2012
Josias de Souza - UOL
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