Produção industrial cai 1% em setembro, mostra o IBGE. Foi o
pior desempenho desde janeiro. No ano, indústria encolheu 3,5%
A produção
industrial brasileira interrompeu uma sequência de três meses de crescimento ao
diminuir 1% em setembro, na comparação com agosto, informou pesquisa do IBGE
divulgada nesta quinta-feira.
É o pior resultado
desde janeiro, quando o setor encolheu 1,8%. Na comparação com setembro do ano
passado, a queda na produção foi ainda maior, de 3,8% o pior desempenho desde
junho, cuja contração foi de 5,6% na comparação com o mesmo mês de 2011. No ano,
a indústria já diminuiu 3,5%; nos últimos 12 meses, a queda acumulada é de
3,1%.
A diminuição
ocorrida na indústria foi duas vezes maior do que se previa. De acordo com
pesquisa da agência de notícias Reuters junto a 35 analistas do mercado
financeiro, esperava-se que o recuo fosse 0,5% na passagem de agosto para
setembro
André Macedo,
gerente da pesquisa do IBGE, afirma que o resultado negativo contrasta com os
três meses consecutivos de alta que havia antes. Ele afirmou, contudo, que parte
da magnitude da queda de 1% na produção industrial do mês pode ser causada por
um efeito calendário, pois em setembro foram apenas 19 dias úteis, contra 23 em
agosto e 21 em setembro do ano passado:
A comparação da
produção industrial de setembro sobre agosto (queda de 1%) leva em conta um
ajuste sazonal, mas é possível que, com uma diferença tão grande, de quatro dias
úteis a menos, pode não ter sido tão bem captada no ajuste.
E na comparação com
setembro do ano passado também, a queda contra o mesmo mês do ano anterior,
3,8%, seria de apenas 1,4% se fizéssemos um ajuste sazonal nesta comparação,
algo que nunca fazemos. Mas o fato é que tivemos um setembro com menor ritmo da
produção industrial.
Segmento de máquinas
e equipamentos recua 4,8%
Quase todas as
categorias de uso registraram queda na produção em setembro: bens duráveis com
queda de 1,4%, bens intermediários com redução de 1,1%, bens de capital com
queda de 0,6% e bens de consumo com queda de 0,1%. A única exceção ficou com os
bens semiduráveis e não-duráveis, que registraram estabilidade.
Entre os ramos
industriais, 16 dos 27 analisados encolheram.
Chamou atenção a
queda na produção do setor de máquinas e equipamentos, que foi de 4,8%. Foi a
segunda contração seguida do segmento, que acumula recuo de 8,5% desde agosto.
Esse ramo é acompanhado de perto pelos analistas porque costuma indicar o
comportamento da economia no futuro:
se os empresários
estão comprando mais máquinas hoje, significa que estão investindo para produzir
mais amanhã.
Outras contribuições
negativas vieram da categoria da produção de outros produtos químicos
(-3,2%),
alimentos
(-1,9%),
perfumaria, sabões e
produtos de limpeza (-10,0%),
fumo (-11,7%) que
devolveu parte do forte crescimento, de 35,6%, verificado em agosto indústrias
extrativas (-1,6%),
veículos
(-0,7%)
e mobiliário
(-5,3%).
A diminuição na
produção de veículos em setembro contrasta com a alta de 9,2% acumulada entre
junho e agosto. Mas o segmento foi prejudicado pela fabricação de carros, que
teve queda. Os caminhões, por outro lado, tiveram alta. Apesar de não indicar os
números internos deste segmento, André Macedo afirma que esta relação entre
carros e caminhões era inversa nos outros meses ou seja, carros aumentando a
produção e caminhões puxando o setor para baixo.
Entre os ramos que
ampliaram a produção e ajudaram a evitar queda maior na indústria, estão o
farmacêutico (aumento de 6,0%) e de outros equipamentos de transporte
(4,4%).
Endividamento e
antecipação de compra
O gerente da
pesquisa afirmou que há outros fatores que explicam a queda, como o aumento do
endividamento das famílias e uma eventual antecipação de compras, em parte
porque, em tese, a redução do IPI para automóveis acabaria na virada de agosto
para setembro, depois prorrogado para o final de outubro e agora, para
dezembro.
Ele acredita também
que parte da redução pode ser justificada pela alta base de comparação, já que
em agosto, por exemplo, a produção industrial havia registrado alta de
1,7%.
Macedo acredita,
contudo, que parte desta queda da produção industrial pode ter aproveitado a
alta das vendas para ajustar os seus estoques, o que poderia significar um bom
momento no setor industrial no último trimestre. macedo disse que,
historicamente, os meses de agosto, setembro e outubro são de picos da produção
industrial por causa das encomendas de natal, mas disse que isso não é absoluto
e que não se pode dizer que este mês está atípico, pois no ano passado também
houve queda da produção industrial em setembro e porque, neste ano, a alteração
do IPI para alguns segmentos pode ter alterado a dinâmica tradicional do setor
industrial.
O Globo
01 de novembro de 2012
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