"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 23 de fevereiro de 2013

DE (S) CÊNIO NO BRASIL MARAVILHA DOS FARSANTES - 3

     US$ 1,08 bilhão saem do Brasil em três dias, informa BC
 
Para um ano que começou com o temor de um "tsunami monetário" na economia brasileira, 2012 tende a registrar a menor entrada de dólares no Brasil em quatro anos.
Segundo números divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (3), a forte entrada esperada de dinheiro vindo de países desenvolvidos – que aumentaram o volume de moeda em circulação para combater os efeitos da crise financeira e estimular o nível de atividade – não aconteceu.
Faltando contabilizar somente um dia útil para o fim de 2012 (segunda-feira, dia 31 de dezembro), os dados do BC mostram que entraram US$ 16,75 bilhões na economia brasileira no ano passado – uma queda de 74,3% em relação a 2011, quando a entrada de dólares foi de US$ 65,27 bilhões, ou US$ 48,5 bilhões a mais.
O resultado de 2012 é o menor desde 2008, período em que a economia mundial foi chacoalhada pela primeira etapa da crise financeira, marcada em setembro daquele ano pelo anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers. Em 2008, houve a saída de US$ 983 milhões da economia brasileira.
Em 2009 e 2010, houve ingresso, respectivamente, de US$ 28,73 bilhões e de US$ 24,35 bilhões no Brasil.
Impacto na cotação do dólar
A entrada de recursos no país registrada em 2012, segundo analistas, teoricamente favoreceria a queda do dólar. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar menor. O que se viu no ano passado, entretanto, foi um movimento inverso.
No início de 2012, o dólar estava sendo negociado a R$ 1,86, passando para o patamar de R$ 1,90 em maio e acima de R$ 2 em junho. Permaneceu na faixa de R$ 2,03 a R$ 2,04 entre agosto e novembro, mas em dezembro avançou para um patamar acima de R$ 2,10. No fim do ano, porém, fechou em R$ 2,04. Todos os valores têm por base a Ptax (cotação média do dia) do BC.
A explicação para o fato do dólar ter subido em 2012, mesmo com uma oferta maior de moeda norte-americana, foi a influência do governo federal.
Além de ter comprado US$ 11 bilhões no mercado à vista no ano passado e outros US$ 7 bilhões no mercado a termo, o governo tomou várias medidas, ainda nos primeiros meses de 2012, para impedir que os dólares que estavam ingressando naquele momento no país tivessem impacto na cotação.
Depois do ingresso de US$ 25 bilhões no Brasil nos quatro primeiros meses deste ano, o volume de ingresso, com as medidas anunciadas pelo governo brasileiro naquele momento, começaram a ficar menos intensos e os dólares também passaram a sair do Brasil. Entre maio e dezembro, houve a retirada de US$ 8,5 bilhões do Brasil.
Mais recentemente, no mês passado, quando a cotação superou a barreira dos R$ 2,10, o governo começou a reverter essas medidas, favorecendo um ingresso maior de moeda norte-americana no Brasil - aplacandou um pouco a pressão de alta do dólar. O BC também atuou com leilões no mercado futuro (que tem correlação com o preço do dólar a vista).
Um valor mais alto para o dólar gera melhores condições de competitividade para as empresas brasileiras, uma vez que suas exportações ficam mais baratas. As compras do exterior, por sua vez, ficam mais caras. Um aumento na cotação do dólar, porém, também têm outros efeitos, como gerar mais pressões inflacionárias.
Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação; e a conta financeira – que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros.
Os números do BC mostram que o fluxo comercial registrou entrada de divisas de US$ 8,3 bilhões na parcial de 2012, até 28 de dezembro (faltando somente contabilizar o dia 31 do mês passado). Ao mesmo tempo, foi contabilizado o ingresso de outros US$ 8,3 bilhões por meio da conta financeira no acumulado do ano passado.
Alexandro Martello Do G1, em Brasília
23 de fevereiro de 2013

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