"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 23 de fevereiro de 2013

FHC DIZ QUE LULA ATUA "COMO UMA ESPÉCIE DE PRESIDENTE ADJUNTO"

 

Fernando Henrique participou de um seminário organizado pela Casa da Artes, na Gávea, Zona Sul do Rio

FH participa de seminário: PT ‘tem o mensalão na testa’
Foto: Marcelo Piu / Agência O Globo
FH participa de seminário: PT ‘tem o mensalão na testa’Marcelo Piu / Agência O Globo

RIO E BRASÍLIA- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) alfinetou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira, em evento no Rio.

Disse que o petista está inaugurando um novo cargo, o de “presidente adjunto”, já que é um dos principais articuladores das decisões do governo Dilma Rousseff, e tachou a relação do PT com seu governo de caso de “psicanálise”. FH participou de seminário organizado pela Casa das Garças, na Gávea, Zona Sul do Rio, em homenagem aos 70 anos do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan.
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— Ele (Lula) está tão ligado às coisas do governo que dá impressão que é um presidente adjunto. Não acho que isso seja institucionalmente bom. Pergunta lá em São Paulo se eu indiquei alguém para o governador (Geraldo Alckmin — PSDB).
Se o presidente Lula quer fazer isso, não é ilegal. Só acho um pouco estranho. Projetar uma sombra (sobre Dilma) tão grande... Não precisa. Ele devia fazer o que ele me aconselhou a fazer. Eu opino de vez em quando — disse Fernando Henrique.

FH criticou a “atitude irracional” de insistir em tratar a relação entre petistas e tucanos de forma dicotômica, como se fosse uma luta do bem contra o mal. E pediu que os petistas deixem de tratar os adversários como inimigos:

— Para o bem do Brasil é preciso que as pessoas respeitem as regras. E que entendam que não podem tratar o adversário como inimigo. Infelizmente, a tática toda a vida do PT tem sido oposta a isso: nós somos bons, vocês são maus — disse FH, frisando que o discurso da ética não poderá mais ser adotado pelos petistas. — Num aspecto eles não podem mais falar, a ética. Porque eles têm o mensalão na testa.
Para FH, esse duelo é um caso de psicanálise:

— A relação do PT comigo pessoalmente e com meu governo é de psicanálise. Tem que tirar o pai da frente, sabe. Eles sabem que quem fez a estabilização fomos nós, quem começou as políticas sociais fomos nós. Não é que eles não tenham melhorado, mas por que precisa dizer que a gente não fez nada?

Perguntado se subiria ao palaque ao lado do senador Aécio Neves, provável candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique afirmou que estaria presente “no palanque moderno”, a televisão. Mas deixou claro que só apareceria em público ao lado de Aécio se fosse um pedido do partido.
— Se eles pedirem eu vou, eu nunca me ofereço. Uma das vantagens da idade pós-madura é que você não tem mais essa ansiedade de aparecer — disse.

No seu discurso, Malan disse temer que a campanha eleitoral para a Presidência seja marcada por maniqueísmos e lembrou que a transição entre o governo FH e o governo Lula em 2002/2003 foi “uma das mais civilizadas”.

— Foi extraordinariamente importante (a transição entre os dois governos) e nos permitiu fazermos algo que eu espero que consigamos repetir agora, apesar das aparências em contrário. Que nós consigamos evitar excessos de maniqueísmos e de divisões entre nós e eles.

Aécio recruta equipe do Real

A base do Plano Real será o ponto de partida do programa de governo de Aécio Neves, que já começa a ser pensado pelos economistas que formularam e implementaram o plano de estabilização econômica, no governo Fernando Henrique. Aécio ainda não admite oficialmente a candidatura, mas já está montando um grupo de trabalho formado por Pedro Malan, os ex-presidentes do Banco Central Edmar Bacha e Armínio Fraga, além de outros economistas, como José Roberto Afonso.

Depois do confronto com o PT essa semana, Aécio se prepara para novos eventos políticos. Segunda-feira, participa da abertura de um seminário do PSDB em Belo Horizonte, que pretende resgatar Fernando Henrique, recolocando-o no centro do palco tucano para 2014. Além de seminários em outras cidades, o senador mineiro também deve estrelar os programas de propaganda do PSDB que vão ar entre o final de maio e o início de junho, no rádio e na TV.

— Estamos montando um grupo com o pessoal do Plano Real, o Malan, Armínio, Bacha. Tem muita gente querendo colaborar com a construção desse projeto que não é de minha candidatura, é um projeto do PSDB. Estão fazendo uma avaliação dos cenários econômicos, o descalabro fiscal e a derrubada dos fundamentos da estabilidade econômica, para projetar o que tem que ser feito lá na frente — disse Aécio.

23 de fevereiro de 2013
Danielle Nogueira, Maria Lima

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