O Brasil registrou em janeiro o maior deficit em suas transações comerciais e de serviços e rendas com o exterior desde pelo menos 1947, início da série histórica do Banco Central.
Impactado pelo deficit da balança comercial, pelo aumento dos gastos dos brasileiros em viagem e o crescimento das remessas feitas por empresas, o chamado deficit em conta corrente chegou a US$ 11,4 bilhões.
E, diferentemente do que ocorreu no ano de 2012, quando esse deficit foi inteiramente coberto pelo fluxo de investimentos estrangeiros na produção, considerados menos voláteis, o rombo de janeiro foi bem superior ao investimento estrangeiro direto, de US$ 3,7 bilhões.
O restante do deficit foi financiado por investimentos em ações e renda fixa, além de empréstimos.
"Tivemos um déficit significativo em janeiro, acima até do que havíamos estimado há 30 dias", reconheceu o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Segundo ele, a expectativa é que, a partir de fevereiro e março, o resultado da balança comercial melhore sob o impacto do aumento das receitas com minério de ferro e soja.
Mas, para fevereiro, a projeção do BC ainda é de um novo descasamento entre o deficit em conta corrente e o IED. Segundo Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico, as transações correntes devem ter deficit de US$ 5,7 bilhões, enquanto o investimento estrangeiro direto somará US$ 3,5 bilhões.
TURISMO
No mês passado, os brasileiros deixaram US$ 2,29 bilhões fora do país em viagens, crescimento de 14,6% frente a dezembro de 2012. Já os gastos de turistas que vieram para o Brasil cresceram menos, 4,4%.
Ao somar os resultados da conta de viagens -- gastos dos brasileiros fora do país com o dos turistas estrangeiros no Brasil--, o deficit atingiu US$ 1,6 bilhão, valor recorde para o mês e 19,7% superior ao registrado há um ano.
"Isso reflete o crescimento da renda do brasileiro nos últimos anos, da massa salarial real, do emprego. Mesmo com o câmbio, que já foi menor em 2011", disse Maciel. "Muitos dos destinos desses brasileiros são economias que ainda seguem fragilizadas pela crise", acrescentou.
JULIA BORBA / Folha
DE BRASÍLIA
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23 de fevereiro de 2013
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