No comércio varejista restrito, pesou mais, em março, o item hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,1%), que já caíra em fevereiro (-1,4%). E declinaram os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-5,2%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-2,9%). O recuo não foi maior por causa de tecidos, vestuário e calçados (+3,9%) e combustíveis e lubrificantes (+2,4%). No comércio ampliado, houve alta em veículos, motos, partes e peças (+1,9%) e material de construção (+0,7%).
Números mais fracos eram esperados pelos especialistas. Estes ainda são otimistas com a pesquisa de abril, que será divulgada em meados de junho. No entanto, a maioria das consultorias revê para baixo as expectativas para 2013.
Ficam para trás anos auspiciosos do consumo (em 2007 e 2010, por exemplo, o varejo crescia 10% ao ano), enquanto aumenta a importância de datas-chave, como Dia das Mães (maio), dos Namorados (junho), dos Pais (agosto), da Criança (outubro), até o Natal, o mais esperado pelas empresas.
Nos últimos 12 meses, até março, o volume de vendas do varejo ainda cresceu 6,8% - um porcentual elevado. Mas, comparando os primeiros trimestres de 2012 e 2013, o resultado do varejo restrito foi positivo em apenas 3,5%, a menor alta desde o quarto trimestre de 2003, segundo a consultoria LCA. No comércio ampliado, as vendas ainda são "salvas" por veículos. Mas num setor como o de materiais de construção, em que o crescimento em 12 meses chegou a 15%, em 2011, hoje as vendas crescem cerca de 6% - indicando o fim de um tempo de euforia.
Como notou o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni a Sérgio Lamucci, do jornal Valor, a inflação de 6% ao ano pode ameaçar "o processo virtuoso de mobilidade social, marcado pela ascensão da nova classe média e a distribuição de renda". É o que o governo deve entender, evitando a frouxidão monetária/fiscal.
16 de maio de 2013
Editorial do Estadão
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