Miriam Quiroga afirma que sacolas eram entregues e pesadas na Casa Rosada. Ex-presidente também ganhava barras de ouro, que estariam em cofre de casa dos Kirchner, de acordo com a ex-funcionária
BUENOS AIRES - Uma ex-secretária do ex-presidente argentino Néstor Kirchner revelou na noite deste domingo mais um capítulo de uma série denúncias na TV sobre lavagem de dinheiro envolvendo o ex-chefe de Estado. Em entrevista ao programa Periodismo Para Todos, Miriam Quiroga disse que a Casa Rosada costumava receber sacolas cheias de dinheiro, que depois eram mandadas para a província de Santa Cruz. Miriam também afirmou que o ex-presidente, falecido em 2010, tinha relações com diversos empresários e que escutou planos sobre a construção de um cofre na casa dos Kirchner em El Calafate. Em uma primeira reação, a deputada Elisa Carrió, da oposição, apresentará nesta segunda-feira uma cópia do programa à Justiça, pedindo que as denúncias sejam investigadas.
Miriam trabalhou por cerca de dez anos com Kirchner, parte deles na Presidência, mas foi demitida após a sua morte pela mulher e sucessora, Cristina. De acordo com a ex-secretária, as sacolas eram pesadas na Casa Rosada e depois seguiam para Río Gallegos ou El Calafate, a bordo do avião presidencial ou por terra. Ela também assegurou ter escutado o genro de Kirchner falar sobre o recebimento de barras de ouro.
- Simplesmente me diziam: “Toma, diga-me quanto pesa.” Mas nunca me deixaram abrir as sacolas ou tirar nada - assegurou. - Os comentários sobre o ouro eram de que barras saiam do Chile por um barco que passava pelo Pacífico. O destino era El Calafate. Se há um cofre, não iriam enchê-lo somente com dinheiro - afirmou.
Segundo a ex-funcionária, a atual presidente Cristina Kirchner tinha conhecimento de todos os supostos negócios do marido e era chamada por algumas de pessoas de “bruxa”.
- Néstor controlava Cristina, pois ela nunca teve manejo para o diálogo. Era ele que coordenava a situação e, cada vez que ela estava alterada, tinha que acalmá-la.
Quiroga começou começou a trabalhar com Kirchner na década de 90, quando ele era governador de Santa Cruz. Foi porta-voz de assuntos oficiais e também atuou com a imprensa provincial. Em 2003, assumiu a chefia da Documentação Presidencial e ocupou um escritório a poucos metros do gabinete do presidente na Casa Rosada. Era ela quem recebia a correspondência do presidente.
Deputada quer levar denúncias de ex-secretária à Justiça
Nesta segunda-feira, as declarações da ex-secretária estava nos principais jornais argentinos. A deputada Elisa Carrió informou que apresentará na Justiça uma cópia do programa com as denúncias de Miriam Quiroga para que o caso seja investigado. Segundo ela, a ex-secretária confirmou com exatidão acusações que ela própria já havia divulgado no ano de 2008 e acrescentou que tem esperanças que um inquérito seja aberto para apurar as informações.
06 de maio de 2013
O Globo com agências internacionais
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