Está marcada para a saída do trabalho. Às 17h terá início na Cinelândia, no Rio, a Marcha contra a corrupção. Mais de 30 mil pessoas confirmaram presença, pelo Facebook, para a manifestação.
A ideia surgiu em protesto contra os atos de corrupção do governo Dilma Rousseff, após as sucessivas quedas de ministros e escândalos de desvio de verba das pastas.
Insatisfeitos com a “faxina de Dilma”, cinco amigos resolveram abandonar o comodismo, há pouco mais de um mês, e divulgar a ideia através das redes sociais. A expectativa é que o ato reúna quase o mesmo número de pessoas indicado na rede social, como aconteceu na manifestação do dia 7 de setembro, em Brasília.
Maria Fernanda Macedo, 20 de setembro de 2011
Fonte: O Globo
ENTREVISTA
A empresária Cristine Maza mobiliza o Rio para protesto anticorrupção
20 de setembro de 2011
Instituto Millenium
O jornal “O Globo” entrevistou a empresária Cristine Maza, que prepara o protesto anticorrupção no próximo dia 20, no Rio.
Leia a entrevista
Por Cássio Bruno
“Não tenho carro de som, tampouco apoio de nenhum político ou partido, apenas uma vontade fora de controle de dar um basta nessa pouca vergonha. Vamos ou vai ficar em casa reclamando que o nosso povo, do qual todos fazemos parte, é sem atitude? Sou brasileiro, carioca e tô de saco cheio dessa história! Todos de verde, amarelo ou branco!!!”.
É com essa apresentação que a empresária Cristine Ferreira Maza, de 50 anos, e outros quatro amigos estão convocando, no site www.contracorrupcao.com.br, a população para participar de uma grande manifestação no dia 20, HOJE, a partir das 18h30m, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, contra a corrupção e a impunidade no país.
Moradora do bairro de Santa Teresa, casada, mãe de um filho de 20 anos, Cristine é uma das organizadoras do evento que já conta com a adesão de cerca de 26 mil pessoas no Facebook . A iniciativa da empresária e de seus amigos, conhecida como “Todos Juntos Contra Corrupção”, nasceu nas redes sociais, vem ganhando força na internet, e foi, inclusive, noticiada pelo jornal espanhol “El País”.
O Globo: Você acredita que a realização de manifestações desse tipo pelo país podem provocar algum resultado prático e efetivo contra a corrupção?
Cristine Maza: Acredito que sim. Se eu não acreditasse, talvez não teria me envolvido nisso. Foi um despertar. O barulho é tamanho no Brasil inteiro que (as manifestações) vão fazer com que as autoridades repensem e que as pessoas aprendam a votar. Quem votou neles foi a gente. É hora de começar a pensar. Quem os colocou em Brasília foi a gente. Então, vamos ver quem são esses políticos, se eles têm a ficha limpa, o que eles fizeram, o que vão fazer. Temos eleições agora em 2012.
O Globo: Qual é o papel da sociedade neste momento?
Cristine Maza: O eleitor precisa se atualizar, participar. Ver, por exemplo, quem está envolvido nesses recentes escândalos e não repetir os erros nas eleições. Temos que deixar esses políticos de fora.
O Globo: O que te levou a organizar um movimento contra corrupção?
Cristine Maza: A indignação. Eu não esperava que tivéssemos uma adesão tão rápida e grande nas redes sociais. Fomos notícia até no jornal El País.
O Globo: Como será a manifestação contra corrupção e a impunidade no Rio?
Cristine Maza: Já estamos confeccionando as faixas, os cartazes. Recebemos algumas doações, em materiais, de amigos, comerciantes. Como somos apartidários, não temos e nem recebemos dinheiro algum. No momento, por exemplo, estamos precisando de um carro-de-som. Somos um grupo de cinco amigos por trás do movimento Todos Juntos Pela Corrupção, criado em agosto deste ano. No evento, só daremos voz à sociedade. Não vamos abrir espaço para os políticos.
O Globo: Está previsto a participação de grupos de outros estados na marcha carioca?
Cristine Maza: No dia 20, vão acontecer movimentos paralelos em Campo Grande, São Paulo, Recife e Manaus, entre outras cidades. Todos no mesmo dia, simultaneamente. No nosso site, disponibilizamos aos interessados imagens para que eles confeccionem camisas e se juntem a nós. No Rio, esperamos uma adesão de pelo menos 25 mil pessoas, como ocorreu em Brasília, no último fim de semana. Foi um sucesso. Aqui, todo mundo estará de verde e amarelo, com a bandeira do Brasil. Não queremos bandeiras de partidos. Queremos que o carioca se empenhe e apareça na nossa manifestação para mostrar toda a indignação que estamos sentindo.
O Globo: Qual é a principal dificuldade encontrada para convencer as pessoas a participarem? Na última quarta-feira, apenas 50 pessoas estiveram em um ato contra a corrupção na Cinelândia.
Cristine Maza: Precisamos incentivar as pessoas. Já consegui espalhar alguns cartazes nas ruas de Santa Teresa, onde eu moro. Vamos distribuir também no Centro do Rio, em Copacabana e na Tijuca. Vamos fazer um trabalho de formiguinha nas ruas e na internet. Não temos dinheiro.
O Globo: Como você avalia a ausência nas recentes manifestações de entidades tradicionais da História do Brasil em grandes marchas, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Central Única de Trabalhadores (CUT)?
Cristine Maza: Parece que está todo mundo adormecido de uns anos para cá. Depois das Diretas Já e do impeachement do ex-presidente Fernando Collor, ninguém mais se mobilizou. As pessoas se acomodaram. Chegamos ao limite. E o limite é agora. Acho que as manifestações contra corrupção vão acontecer mais vezes. Mas essas entidades, na verdade, agora têm um partido. Elas não estão mais apartidárias. Todas têm ligações políticas. Se participarem das marchas, complica.
O Globo: O que você espera da presidente Dilma Rousseff no combate à corrupção?
Cristine Maza: Eu queria muito que ela continuasse a fazer essa faxina. Na verdade, não sei o que esperar dela. A Dilma não está mais tão empenhada. A varredura nos ministérios acabou. Ninguém falou mais nada.
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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