Para o presidente do PSDB, o governo Dilma Rousseff “não vai terminar bem.” Aposta que, em 2014, o candidato do PT será Lula. Provoca:
“Terá de explicar o fracasso dela, que tem origem nele. A Dilma está suja, mas quem sujou ela? Não fomos nós."
Abaixo, entrevista de Guerra ao blog:
- FHC fala em busca de “convergencias”. Aécio Neves, em pacto pela governabilidade. Roberto Freire vê adesismo. Falta rumo à oposição?
- Não. A oposição define seus rumos. Falta rumo ao governo. Pode faltar à oposição, numa ou noutra circunstância, senso de oportunidade. O PSDB é recorrente nisso.
- Como assim? Às vezes o partido tem dificuldade de se apropriar das oportunidades.
- Isso ocorre em relação a Dilma? Num primeiro momento, a presidente fez uma intervenção no Ministério dos Transportes. Reagiu à imprensa. Vacilou, mas interveio para melhorar a pasta. Temos tranqulidade para elogiar. Mas o gesto não foi desenvolvido. Não chegou aos outros ministérios. O do Planejamento, por exemplo, tem participação na desordem dos Transportes.
- Refere-se a Paulo Bernardo?
- O Planejamento, na época em que era gerido por ele, autorizou recursos para aditivos contratuais inexplicáveis ou viciados. Dilma silenciou, protegeu. Ficou claro que não agiria contra o PT. Como não agiu no PMDB. Na Agricultura, o ministro [Wagner Rossi] se deu conta de que não poderia continuar. No Turismo, os desmandos são anteriores ao ministro atual [Pedro Novais]. Dilma não agiu também na pasta das Cidades [gerida por Mário Negromonte, do PP].
- Como explicar, então, as manifestações de FHC e Aécio?
- Fernando Henrique é movido por inspirações republicanas, não partidárias.
- Retribui as gentilezas de Dilma?
- A Dilma o reconheceu de forma civilizada. E ele também a reconheceu civilizadamente. Imaginou que Dilma continuaria o que estava fazendo. Fernando Henrique não é Lula, torce por um Brasil decente.
- E quanto a Aécio?
- O que afirmou não é diferente do que disse a vida toda: se o governo desejar fazer reformas, aprofundar investigações seriamente, estaremos do lado. Ele é construtivo. Mas não vacilou na condenação dos fatos.
- Roberto Freire, então, erra quando fala em adesismo?
- Totalmente.
- Para onde vai o PSDB?
- Vamos renovar os nossos atores, abrir o partido, renovar o discurso e ter uma conversa única. Teremos uma nova proposta. Está sendo trabalhada no Instituto Teotônio Vilela, pelo Tasso [Jereissati] e no partido todo.
- Afinal, qual é o rumo da oposição?
- A gente está numa ação reativa. Esses episódios recentes nos surpreenderam –o avanço e o recuo da Dilma. Mas a questão central é que ela não está governando. Semanas atrás houve uma greve dos aliados dela que paralisou o Congresso. Não há possibilidade de fazer um governo decente com essa base de sustentação. Cabe à oposição ter coerência e tranquilidade. Tucanos pensam e falam. Mas normalmente não falam as mesmas palavras.
- Isso não denota falta de rumo?
- Rumo, nós todos no Brasil estamos procurando. O PSDB desenvolve um novo caminho. Não sei se outros terão condições de fazer.
- Refere-se ao PT?
- A desordem no PT é brutal. Toda crise do governo nasce no PT e na base partidária que o rodeia. Impossível governar com essa base pervertida.
- Sob FHC ocorreu coisa semelhante, não?
- Jader Barbalho deixou digitais na Sudam. Renan Calheiros foi ministro da Justiça... Muitos podem achar que foi mais ou menos. Mas, seguramente, no nosso período foi menos. Bem menos.
- Como evitar o modelo que submete governabilidade à perversão?
- Se a Dilma tivesse disposição, liderança e coragem, tomava outro rumo.
- Insisto: qual a diferença entre o modelo que vigorou na Era FHC e o atual?
- O nosso governo era muito mais saudável. O PSDB tinha saúde. O DEM trabalhava de forma adequada. E havia muita gente que contribuía com o governo movido pelo interesse público. De lá pra cá, a política só piorou, graças sobretudo ao Lula, que passou por cima de instituições e confraternizou com malfeitores. Distribuem dinheiro na véspera, para ganhar a votação do dia seguinte. A corrupção explode e dizem que agora tem mais investigação. Balela.
- É mais difícil fazer oposição a Dilma do que a Lula?
- Não. A Dilma não vai terminar bem o governo dela. Centraliza tudo e decide pouco. Quando decide, age emocionalmente e erra. Não tem liderança. A ideia de que é boa gerente é falsa. Vai naufragar do ponto de vista administrativo e político.
- Acha, então, que Dilma não se reelege?
- Minha impressão é de que o Lula vai se candidatar. É a principal hipótese. E o Lula terá de explicar o fracasso dela, que tem origem nele. A Dilma está suja, mas quem sujou ela? Não fomos nós.
- Em que se baseia para dizer que a Dilma está suja?
- Os desmandos que estão aí vem da gestão anterior. Ela era gerente e não gerenciou. Veja o caso dos Transportes. No geral, verbas do PAC. Os aditivos de que Dilma reclama eram autorizados pelo comitê gestor comandado por ela. O próprio [ex-ministro] Alfredo Nascimento, que veio do Lula, disse: tudo passava por esse comitê, operado na Casa Civil da Dilma.
- Se Lula for mesmo candidato, quem irá enfrentá-lo, Serra ou Aécio?
- Hoje, não há cultura no partido para que impasses prevaleçam.
- Haverá prévia?
- Se for necessário, sim. É saudável. Esse assunto, se vier a se apresentar, será resolvido da forma mais aberta possível.
Escrito por Josias de Souza
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário