Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
UM POUCO DE HISTÓRIA
Conversa de Helio Fernandes com o comentarista Valmor Stedile sobre Brizola
Eis mais um diálogo do mestre Helio Fernandes com um de nossos mais assíduos comentaristas, Valmor Stedile, publicado em 11 de agosto de 2009, e que vale à pena ler de novo.
Valmor Stedile:
“Nobre jornalista, poderia comentar em que circunstâncias decidiram adotar no Brasil as eleições em dois turnos? Primeiro, a presidencial de 1989, que acabou excluindo Leonel Brizola da disputa final. Não teria sido exatamente com esse fim, concretizado com o campo oposicionista dividido entre Brizola, Lula e Mario Covas?”
Comentário de Helio Fernandes:
Inicialmente, examinemos rapidamente 1989 e os dois turnos. Na tua lista do “campo oposicionista”, faltou o doutor Ulisses, que ultrapassado em 1985 pelo fato da eleição ter sido INDIRETA, só foi candidato em 1989.
Sou insuspeitíssimo (pelas minhas ligações com Brizola) para dizer que, se tivesse sido o mais votado e portanto o vencedor da eleição em um turno só, concordo com você, estaria eleito. Mas como tirou terceiro, quase foi para o segundo turno com Collor e teria ganho apesar do apoio em massa da Organização Globo ao “marechal” das Alagoas.
Perdeu o segundo lugar para Lula, por menos de meio ponto. Revoltado chamou-o de “sapo barbudo”, mas teve que apoiá-lo.
Agora, analisemos a implantação do segundo turno. Há muito tempo queriam isso. Mas a democracia brasileira tinha e teve sempre uma vida tão breve, que era impossível modificar qualquer coisa.
Na Primeira República (1889 a 1930), não existia nada, dominada pelo militarismo autoritário e o civilismo subserviente. Na Segunda República (1930 a 1945), ditadura do princípio ao fim, não houve eleição, nem primeiro nem segundo turno.
Na Terceira (1946 a 1964), também não houve oportunidade, embora líderes esclarecidos dos dois partidos importantes, PSD e UDN, tivessem conversado sobre isso. Essa República e a Constituição morreram antes de completarem 18 anos. (NASCEU em 18 de setembro de 1946, MORREU em 1º de abril de 1964).
A Quarta República, novamente outra ditadura um pouco mais longa do que a Primeira, 21 anos em vez de 15. Acabada a ditadura, veio a “transição”, apesar do que dizem, dominada pelos generais, já sem farda, sem bordados ou condecorações, mas no Poder.
Finalmente a Constituição de 1988 estabeleceu os dois turnos para 1989. Sem esse segundo turno, em 1950, Vargas se elegeu com 43 por cento dos votos. Em 1955, Juscelino teve ainda menos, 36 por cento.
Nem falo do Marechal Dutra, não foi eleito. No “Estado Novo”, garantia Vargas como ditador, (era o “condestável”). Derrubada a ditadura foi “jogado para cima”.
Para terminar, um esclarecimento quase inacreditável para quem não viveu ou conheceu esses tempos. Desde 1946, Lacerda (sempre com Golbery, depois grandes inimigos) lutou contra a posse de Vargas e de Juscelino, segundo ele, “por não terem obtido maioria absoluta” (que nenhuma Constituição exigia).
Ainda sem segundo turno, Lacerda (com mais 8 candidatos) disputou o governo da criada Guanabara. Foi eleito com 29 por cento dos votos, Sergio Magalhães teve 28 por cento, Tenório Cavalcanti 15 por cento, Mendes de Moraes, ex-prefeito, 8 por cento.
Se houvesse segundo turno, Lacerda jamais teria sido governador, todos se juntariam contra ele. Da mesma forma como disse no comentário sobre Brizola, sou ainda mais insuspeito para escrever sobre Lacerda. Mas é imposição da HISTÓRIA.
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