"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O GOLPE FINAL À LIBERDADE DE IMPRENSA NA ARGENTINA

POVO ARGENTINO DÁ O SEU APOIO AO ATO GOVERNAMENTAL QUE PODE REPRESENTAR O GOLPE FINAL À LIBERDADE DE IMPRENSA. A AMÉRICA LATINA JAMAIS DEIXARÁ DE SER UM LIXÃO!

A Câmara dos Deputados argentina aprovou ontem, por 134 votos a favor, 92 contra e 13 abstenções o projeto do governo federal que declara o papel-jornal um bem de interesse público.

O Senado já começaria a tratar do tema em comissões ontem à noite, e espera-se a aprovação nesse plenário até hoje. Para virar lei, terá depois de passar apenas pela presidente Cristina Kirchner.
A lei permitirá ao Estado regular a produção e a comercialização do papel-jornal em todo o país.

O projeto é uma das prioridades do novo governo de Cristina, que começou no último sábado. Se realmente for aprovado com a rapidez com que foi levado à discussão, será a primeira lei importante do novo governo a começar a vigorar.

Na prática, a lei permite que o governo aumente sua participação na empresa Papel Prensa S.A., a principal fornecedora de papel-jornal aos diários do país. Atualmente, a empresa tem participação do Estado de 27%. São também sócios no negócio o Grupo Clarín (com 47%) e o "La Nación" (com 22%).
A lei obrigará a Papel Prensa a trabalhar em seu limite máximo e a prover de papel todos os meios que dele necessitarem.


"Pode-se dizer que se trata de um confisco. Além disso, viola-se a Constituição no que diz respeito aos artigos que garantem a liberdade de expressão na Argentina", disse à Folha o porta-voz do Grupo Clarín, Martín Etchevers.

Em um longo editorial publicado ontem, o jornal "La Nación" reagiu ao avanço do governo nesta questão dizendo que, desde o confisco promovido pelo general Juan Domingo Perón (1895-1974) contra o jornal "La Prensa", em 1951, "nunca um governo eleito pelo voto popular havia avançado tanto como este, nem com maior hostilidade contra a liberdade de imprensa".

O discurso de Cristina no último sábado, em sua posse, e declarações dadas nos dias anteriores já apontavam para a intenção do governo de ampliar seu controle sobre os meios de comunicação.

Cristina disse que a Lei de Meios, aprovada parcialmente em 2009, era uma conquista da sociedade, porque partira de uma decisão tomada por um conjunto significativo da mesma. E reforçou a necessidade de sua aprovação por completo.

Para isso, falta que a Justiça libere o artigo que trata da "desinversão" de grandes grupos. Por meio dele, o "Clarín" teria de se desfazer de alguns de seus meios. O grupo hoje possui emissoras de TV, jornais, rádios e sites.

A ofensiva do governo contra meios como "Clarín", "La Nación" e "Perfil" começou em 2009, quando criticaram as ações do governo no embate com produtores rurais. Da Folha de São Paulo desta segunda-feira

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