"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

BRASIL MARAVILHA: DÍVIDA CONSOME R$ 236,67 BILHÕES

Enquanto os brasileiros foram obrigados a conviver cotidianamente com carências nos serviços públicos básicos, o governo destinou ao pagamento de juros da dívida, no ano passado, R$ 236,67 bilhões, 21,1% a mais do que o registrado em 2010.

O valor recorde representa 5,72% do Produto Interno Bruto (PIB) e foi quase cinco vezes maior que a quantia gasta em investimentos no mesmo período.

A soma seria suficiente para financiar, por dia, mais de 9,9 mil casas populares pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

O peso dos juros levou o setor público consolidado — formado pelo governo central, estados, municípios e estatais — a fechar 2011 com um rombo nas contas públicas de R$ 107,9 bilhões, 15,2% maior do que em 2010 e equivalente a 2,61% do PIB.

Apesar do deficit, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, considerou o resultado positivo.
"Já sabíamos que a conta de juros seria elevada, refletindo a inflação mais forte e uma taxa média (Selic) mais alta ao longo do ano", afirmou.

Maciel chamou a atenção para o cumprimento da meta de superavit primário (economia feita para o pagamento da dívida) no ano passado, o que, em sua opinião, reflete um bom desempenho fiscal.

O governo poupou R$ 128,7 bilhões (3,11% do PIB), ante R$ 127,9 bilhões estipulados no Orçamento de 2011. "Alcançamos, com uma folga de R$ 800 milhões, uma meta que foi ampliada no meio do ano", ressaltou.

Qualidade
O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Nilton Rosa, reconhece que o cumprimento da meta foi positivo, mas lembra que ele só foi feito com a retenção de investimentos e em um ano de avanço na arrecadação de impostos.

"É bom. Foi o primeiro ano de esforço fiscal depois de vários de frouxidão, mas a qualidade desse superavit precisa ser melhorada, com cortes no custeio da máquina", ponderou.

Para Maurício Oreng, analista do Banco Itaú, o resultado apresentado em dezembro — de R$ 1,9 bilhão — mostra que o governo acelerou os gastos no apagar das luzes de 2011. Em outubro e novembro, a economia primária foi de R$ 13,9 bilhões e R$ 8,2 bilhões, respectivamente.

"A opção foi de não fazer uma poupança adicional à meta de superavit primário. Acreditamos que a política fiscal acabará sendo mais expansionista em 2012", comentou.

GABRIEL CAPRIOLI Correio Braziliense

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