Alfredo Guarischi
Sou médico e não cineasta, mas se estivesse em Brasília, nesta terça ou em outra cidade, a falta de energia elétrica no hospital deixaria qualquer um sem ação. Não estava em Brasília mas no Rio vive-se algumas situações semelhantes.
Um hospital não é um hotel mas com estrutura parecida, pois nossos hóspedes são pessoas doentes que precisam, como os do hotel, de comer, de roupas de cama e banho lavadas e ainda podem assistir televisão e falar ao telefone. Só que desta infraestrutura, no lugar de concièrges, recepcionistas e camareiras, fazem parte os profissionais de saúde. São muitos e com diversas formações.
Os médicos e os enfermeiros interagem com fisioterapeutas, assistentes sociais, técnicos de radiologia, laboratório, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos e outros não menos importantes. Todos precisam de energia para ajudar os pacientes e de aparelhos que, por sua vez, são movidos por energia que chega através de cabos, fios, geradores e no-breakes.
Um hospital é um porta-avião que funciona 24 horas por dia, sem direito a intervalos de descanso. A legislação obriga que os hospitais tenham geradores que entrem em ação imediatamente em casos de interrupção de energia. Alguns aparelhos têm baterias especiais para que em determinadas situações como a retirada involuntária de tomadas, permaneçam funcionando por algum tempo. Está na lei.
Não faltam leis nem normas. O mundo do papel não é perfeito, pois além de destruir árvores são esquecidos em prateleiras ou envelhecem precocemente.
Um blecaute como este último engarrafou o trânsito, prendeu gente em elevadores, estragou comida, pode ter “queimado” aparelhos. Espero que todos os hospitais tenham geradores funcionando adequadamente e no-breakes nos aparelhos críticos. Os hospitais têm que contar com um exército de engenheiros especialistas em aparelhos hospitalares, técnicos adestrados em exercício de simulação para casos semelhantes e profissionais de saúde treinados para agir nestas situações. Quem está ao lado do paciente, muitas vezes, é apenas um aparelho com seus alarmes ligados e calibrados, um fio e uma tomada elétrica.
Os jornais não mostraram os sinais apagados dentro dos hospitais. Daqui a alguns dias seria importante saber se houve “queima” de aparelhos, se a mortalidade hospitalar aumentou, se cirurgias foram suspensas. Se nada disto tiver ocorrido, os hospitais merecem elogio. Mas se aconteceram falhas, é importante saber o porquê e como.
Não há sistema à prova de falhas, mas se não houver transparência, as câmeras continuarão registrando que faltou alguma ação.
09 de março de 2012
Alfredo Guarischi
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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