Com o narigão de Cleópatra
Ela veio da grega Macedônia, filha mais velha do rei Ptolomeu Aulete. Morrendo, o pai passou o poder para o filho Ptolomeu Dionysos, de 9 anos, com a condição de que ele se casasse com a irmã Cleópatra, de 17. Culta, falava grego, latim, as línguas da Síria. Mas era feia.
Tinha um nariz horroroso, protuberante. Segundo Plutarco, “seu espírito fascinava mais que sua beleza”. Até o sábio Pascal se assustava:
– “Se o nariz de Cleópatra tivesse sido mais curto, toda a face da terra teria mudado”.
O futuro reizinho não topou casar com a irmã. Mandou prendê-la. Ela se asilou na Síria. E apareceu Julio Cesar, que não queria nariz mas o poder e as carnes de Cleópatra. Depois de derrotar Pompeu, Cesar instalou-se em Alexandria e tentou impedir a guerra entre os dois irmãos, que já havia incendiado a biblioteca de Alexandria.
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CESARES
Na briga, o reizinho naufragou, Cleópatra assumiu o trono e, para cumprir a promessa ao pai, casou-se com o irmão mais novo, de seis anos, Ptolomeu II, que ficou de enfeite. E ela deu a Julio Cesar um filho, Cesarion, que, assassinado Julio Cesar, Cesar Augusto mandou matar.
Dividido o Império Romano em dois (o Ocidente com Cesar Augusto e o Oriente com Marco Antonio), Cleópatra teve três filhos de Marco Antonio, que foi acusado por Cesar Augusto de querer desmembrar o Império e dar Roma a Cleópatra. E mandou invadir o Egito. Derrotados, Marco Antonio e Cleópatra suicidam-se em Alexandria. Ela, com uma cobra.
E Hollywood faz de Cleópatra uma mulher eterna, atrás dos fulminantes olhos azuis de Elisabeth Taylor.
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MUBARAK
É só olhar para a cara de Mubarak. Nem mil Pitanguys conseguiriam transformá-lo numa Cleópatra. E certamente um Butantã inteiro não teria nem cobra nem veneno para dar um jeito nele.
Mas o Egito, país-museu, é um dos mais magníficos pedaços da história da humanidade. O que o ditador e sua trupe estavam fazendo com ele, depois de mais de 30 anos de cruel ditadura, é um atentado ao mundo inteiro. Que direito tem um usurpador de fazer de um altar universal um bordel para si?
Não bastava o mundo protestar, indignar-se. É preciso fazer algo e logo. Quando deixaram o povo falar nas praças, ele já deu o caminho. O Egito precisa encontrar urgente uma via para substituir o ditador. Nem que seja chamando a Cleópatra.
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EUA E ISRAEL
O terrível é que o Mubarak não existe, é um fantoche, financiado, teudo e manteudo pelos Estados Unidos e por Israel, que é um apêndice dos Estados Unidos. Os dois é que há mais de 30 anos garantiam a ditadura de Mubarak. O povo egípcio sabe que só se libertará quando os Estados Unidos e Israel pararem de doar bilhões de dólares ao governo egípcio.
Estão esperando o quê? Que o Egito seja lavado por um banho de sangue? Ou que Cleópatra saia do túmulo para vingar seu povo?
09 de março de 2012
Sebastião Nery
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
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