"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 31 de março de 2012

REVISTA VEJA - UM SENADOR DESCE AOS INFERNOS

Investigação esbarra no governo petista do Distrito Federal e no governo tucano de Goiás

A edição desta semana traz uma reportagem de Rodrigo Rangel sobre as relações do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Há trechos inéditos das conversas entre os dois. Mas não só isso. Há indícios de que a máfia tem ramificações nos governos do Distrito Federal, comandado pelo petista Agnelo Queiroz, e de Goiás, do tucano Marconi Perillo. Leiam trecho da reportagem.

DIÁLOGO GRAVADO EM 14 DE ABRIL DE 2011

Demóstenes novamente presta favores a Cachoeira e seus amigos. Desta vez, ao receber pedido para solucionar uma demanda de um colega do contraventor no Ibama, ele oferece uma solução ainda melhor: ir por cima e conversar direto com a ministra do Meio Ambiente, com quem diz ter uma relação muito boa.

Cachoeira - O Rossini vai tá aí amanhã pra ir lá no Ibama.
Demóstenes - Uai, tranquilo!
(…)
Cachoeira - No Ibama. Já tá marcado lá. Você podia acompanhar ele lá.
Demóstenes - Ah, tá. Que horas?

Horas depois, a dupla volta a tratar do assunto:

Demóstenes - Tô achando que este trem de Ibama não vai resolver nada pra ele, não. Tô às ordens, mas acho que é melhor ir por cima. Eu tenho acesso bom à ministra.
Cachoeira - À ministra?
Demóstenes - Ministra! A ministra lá do Meio Ambiente. O Ibama é subordinado a ela, uai!
Cachoeira - Agora. Vou falar pra ele te chamar aí. Obrigado aí!

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para investigar Demóstenes.

“Meu cliente é vítima de uma investigação ilegal”,
afirma o advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro. A investigação promete causar danos também em outras frentes.
Os grampos telefônicos põem na cena da máfia os governos de Brasília, comandado por Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, controlado por Marconi Perillo (PSDB).

Em Brasília, as escutas indicam que o grupo tinha acesso ao gabinete de Agnelo. Inclusive para fazer indicações políticas.
“Esse documento aí é para botar na mão do Marcelão (…) Ele vai direto no gabinete do governador”, diz o araponga Idalberto Matias, o Dadá, um dos capangas de Cachoeira. “São os nomes que a gente quer”, afirma.

O governador Agnelo negou a VEJA qualquer relação com a tropa de Cachoeira.

Em Goiás, as investigações mostraram que o ponto de contato entre Cachoeira e o governador Marconi Perillo era um ex-vereador de Goiânia.
Também lá o contraventor decide nomeações - e diz até que cargos cada indicado vai ocupar e quanto vai ganhar. O governador de Goiás também nega ligação com Cachoeira e diz que combate “toda sorte de crimes e contravenções”.

31 de março de 2012
Por Reinaldo Azevedo

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