Internacional - América Latina
Uma corrente subterrânea de águas tormentosas se move dentro das Forças Militares e da Polícia. Há descontentamento pelo trato manipulador que o governo nacional dá aos uniformizados.
O já famoso argumento de que o presidente Santos é um hábil jogador de poker, que aplica todas as artimanhas dos jogadores profissionais trapaceiros em suas atuações públicas, ganha mais vigência a cada dia e reafirma sua personalidade manipuladora e desleal com quem o tem levado e sustentado na posição de primeiro mandatário dos colombianos.
Assim como fez politicagem barata e demagogia na Inglaterra, quando disse aos europeus que o atual governo colombiano poderia lhes ensinar a administrar as finanças, neste fim de semana em Cartagena tornou-se defensor da ditadura narcoterrorista cubana, porta-voz da luta contra a pobreza e as desigualdades no continente, “preocupadíssimo com o povo” e, como diziam os avós, até “igualado” com Obama.
Quer dizer, aproveitou a publicitada Cúpula das Américas para utilizar o erário público em seu vaidoso projeto egocêntrico e em seu interesse de manipular os demais mandatários, objetivando seus fins pessoais com vistas re-eleitorais (2014-2018), estratagema para a qual não se prestaram os quatro padrinhos das FARC (Castro, Chávez, Correa e Ortega), experts nesse tipo de conchavos que, além de propender por meter na marra o terrorismo comunista entre a democracia continental, sabiam de antemão que vir a esta cúpula sem acordos pré-anunciados seria apoiar as re-eleições de Obama nos Estados Unidos e a de Santos na Colômbia, sem conseguir seus três objetivos básicos: a legitimação das FARC, a aceitação de Cuba e a pretensão argentina sobre as Malvinas. Por isso não vieram.
Feitas as precisões anteriores, entramos na matéria do assunto mais grave da habitual deslealdade de Santos e sua nítida intenção manipuladora e mendaz. Enquanto em Cartagena ele mostrava cara de bonachão para sugerir que deve-se lutar para acabar com as brechas das desigualdades, conseguir pagamento dignos pelos empregos e ene demagogias mais, nos arredores do Centro de Convenções estavam os soldados, os policiais e os marinheiros que não apenas o protegem, senão que com seus sacrifícios lhe deram a conotação que necessitava para utilizar os meios de comunicação, e fazer muitos acreditarem que os golpes militares contra as FARC e as Bacrim são obras de sua genialidade estratégica e de sua visão política. Já dissemos, em meio de seu incomensurável Ego, que Santos acredita ser mais estadista do que Churchill e mais estrategista do que Mc Arthur.
A deslealdade de Santos radica em que, apesar de haver sido ministro de Fazenda, ministro de Defesa e agora Presidente da República, fez-se de desentendido e com mil artimanhas e ardis esquivou-se da responsabilidade política, social, legal e moral de cumprir com a Lei 4 de 1992, que estabeleceu como legítimo direito dos membros da Força Pública o pagamento dos salários de acordo com o incremento do Índice de Preços ao Consumidor.
Porém, como os militares e policiais colombianos não têm sindicatos que os defendam, nem podem paralisar seus trabalhos porque estariam incursos em uma série de delitos, Santos, seus antecessores e todos os politiqueiros civis que foram ministros da Defesa, desde Rafael Pardo Rueda até Juan Carlos Pinzón dilataram o assunto desrespeitando os direitos salariais dos fardados, mentindo às comissões que trataram de buscar a solução adequada ao problema e utilizando uns rábulas com títulos de advogados que, em nome do governo nacional e do ministério da Defesa, zombaram até das sentenças de tribunais superiores em torno a ajustes pensionais individuais.
Isto, porque parece ser que a lei colombiana foi feita para favorecer os “doutores” de cima e maltratar aos que as sustentam, não permite que uma só decisão de atualização salarial seja uniforme para todos os que tenham o mesmo direito, senão que cada um tem que reclamar por sua conta para que advogados inescrupulosos e oportunistas fiquem com 30% do que por direito corresponde aos que deram o melhor de suas vidas em defesa da Colômbia, e de ineptos que nos mal-governam.
Um dos argumentos mais trilhados para não pagar o dinheiro de um direito adquirido, inclusive já ratificado por sentença do Conselho de Estado, é que não há fundos para cobrir esses passivos. Resulta contraditório que Santos, Uribe, Pastrana, Samper e Gaviria tenham utilizado semelhante justificativa tão pueril, quando todas as semanas, desde 1992 até a presente data, os meios de comunicação reportaram gastos suntuosos dos governantes de turno em contratos de “estudos técnicos”, burocracia exagerada para devolver favores pessoais, corrupção crescente, viagens de turismo oficial pelo mundo, etc.
No caso específico de Juanma, quem ao que parece todas as manhãs posa em frente ao espelho e lhe pergunta: “Espelho, espelhinho meu, diz-me quem é o mais dindo” (sic), a situação passa de castanho a escuro. Ninguém sabe com certeza quanto custou aos contribuintes o luxo administrativo e de gentis atenções aos representantes das Américas, à imprensa e às centenas de lagartos colados ali, que chegou ao extremo de enviar aeronaves da Força Aérea para trazer os que não tinham recursos para fazê-lo. Ou para fazer com que o embaixador Silva viesse desde Washington com equipe completa, como os bons toureiros, obviamente com altas diárias em dólar porque saíram de sua sede nos Estados Unidos.
Por outro lado, ninguém sabe quanto dinheiro custa ao erário público a passeadeira permanente da chanceler Holguín e seu grupelho assessor, para ir a todas as partes do mundo fazer propaganda internacional a favor de Santos, com a aparência de “trabalhar” no que devem fazer os embaixadores colombianos em cada caso. Ou sobra a chanceler ou sobra o respectivo embaixador, pois além de caro para o orçamento público isso demonstra que não há nem política clara de relações exteriores, nem credibilidade nos embaixadores e cônsules.
Ninguém sabe tampouco quanto dinheiro se investe nas viagens semanais da campanha re-eleitoreira de Juanma com seu grupelho de assessores em diferentes partes do país, com o conto chinês de que está atendendo as necessidades das regiões em auto-denominados “acordos de prosperidade”, quando na realidade trata-se de sua imagem pessoal em busca da referendação presidencial (2014-2018).
Tampouco é claro por qual razão durante o governo de Santos nomearam-se tantos vice-ministros, assessores, consultores e demais especialistas que sabem do divino e do humano no setor de defesa, em que pese a que nenhum deles sequer prestou o serviço militar, em vez de nomear generais e coronéis em atividade nesses cargos, que conhecem sim do assunto, pois essa foi sua tarefa durante 25 ou mais anos de serviço.
Porém, assim como há desperdício de dinheiro público na burocracia e procedimentos de civis nomeados por Juanma para o Ministério da Defesa ou nos gastos suntuosos da Chancelaria, também os há em outros ministérios, departamentos administrativos e entidades vinculadas ao governo central. Isso indica que se há fundos para pagar desnecessárias e improdutivas atividades, deve havê-los para cobrir a dívida que se tem com os militares e policiais desde 1992, e para nivelar os soldos de ativos e aposentados de acordo com o estabelecido pela lei, não pelo capricho e a vaidade egocêntrica do mandatário de turno.
Um grupo de oficiais e sub-oficiais da reserva ativa da Força Pública vem caminhando desde Pasto e esta semana (precisamente hoje, 17 de abril) chega a Bogotá, para reclamar os direitos salariais dos uniformizados que já custou inclusive uma ação de fundo contra um Diretor da Caixa de Soldos de Aposentados. Dia a dia o problema cresce, a indisposição dos militares e policiais aumenta contra Santos e Pinzón, experts em capitalizar os êxitos militares das tropas qual genialidades estratégicas deles, como em abandoná-los e até menosprezá-los como o fez o estulto ex-ministro da Defesa Rodrigo Rivera, quando se atreveu a dizer no Congresso da República que os maus salários da Força Pública são supridos com medalhas e felicitações.
E depois disso demonstrou ainda mais sua estupidez funcional, quando afirmou que ele não começaria a resolver o problema salarial até que deixassem de enviar mensagens desafiadoras em correios eletrônicos. E toda essa ineptidão manifesta de Rivera para cumprir uma ordem de Santos.
Veleidosos pelos êxitos das tropas e seguros da lealdade dos generais ativos que não opinam em relação ao tema mas que é certamente muito comentado entre os quadros de comando em todos os quartéis, Santos e Pinzón acreditam que estão elevados num pedestal inalcançável, e não se deram conta das imprevisíveis conseqüências do chavismo que já infiltrou os reclamantes, e que inclusive as FARC publicaram em sua página ANNCOL os justos reclamos salariais da Força Pública.
Tampouco os dois “estrategistas-estadistas” quiseram entender que os oficiais e sub-oficiais ativos apalpam como o governo nacional trata aos que os antecederam no comando das tropas. Tampouco deram-se conta, Santos e Pinzón, de que o sistema de saúde das Forças Militares é uma vergonha pela insuficiência de cobertura e desatenção ao usuário. Tudo isto porque comenta-se não há dinheiro mas, entretanto, fez-se a Cúpula das Américas, a chanceler com seu grupelho pelo mundo, Santos viajou a Cuba para suplicar ao ditador Castro que não o torpedeasse e a Chávez que o ajudasse a fazer a paz com as FARC, etc., etc.
Uma corrente subterrânea de águas tormentosas se move dentro das Forças Militares e da Polícia. Há descontentamento pelo trato manipulador que o governo nacional dá aos uniformizados. Ninguém expressa isso em público por temor às represálias, porém o ambiente continua se aquecendo. Está na hora de o Ministério da Defesa e o Presidente da República levarem o assunto a sério e que mediante um ato administrativo resolvam de uma vez por todas o pagamento dos legítimos direitos salariais de ativos e aposentados, antes que a bola de neve cresça, chegue a produzir alguma grave fratura institucional e com isso afete a “ampla visão de prosperidade” nacional e continental que com tanta demagogia exterioriza Santos em seus discursos politiqueiros, e “coincidentes” distinções como a da revista Time, no preciso momento em que os mandatários do hemisfério queriam crucificar Obama.
Santos pode ser um sobressalente jogador de poker e aplicar muitas técnicas de jogador profissional trapaceiro em suas relações com a Força Pública, mas também é certo que tanto vai a água ao cântaro que um dia se quebra, pois além disso não há mal que dure cem anos nem doente que o resista. E nas atuais condições sociais, políticas e de ordem pública, do mesmo modo que nos tempos de alta paz, não se pode desconhecer que os uniformizados são seres humanos e que descumprir com seus direitos legais poderia gerar alguma situação de conseqüências imprevisíveis, principalmente, repetimos, porque há evidências de que as FARC e o chavismo procuram infiltrar o justo protesto.
Escrito por Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido
19 Abril 2012
Tradução: Graça Salgueiro
Tradução: Graça Salgueiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário