Leio as reportagens de O Globo e da Folha de São Paulo publicadas no domingo 15, sobre a nova ligação de Carlos Cachoeira, agora com a Delta Construções, e me vem à lembrança “O Terceiro Homem”, filme de Carol Reed e que tem no elenco Orson Welles como o protagonista principal. O terceiro homem aparecia, desaparecia, reaparecia nas situações mais misteriosas.
É o caso de Carlos Ramos Cachoeira, esse homem fatal, como escrevi há poucos dias, intermediário compulsivo de não se sabe quantas transações ilegais. Evidentemente uma fonte de distribuição de dinheiro. Não há dúvida quanto a ilegalidade, pois se sua atuação fosse legal não necessitaria utilizar o nome de terceiros para não aparecer no centro do palco. Agora: por que uma empresa forte como a Delta precisava de Cachoeira?
Esta explicação cabe a Fernando Cavendish, controlador e presidente da empresa. Ele, Fernando Cavendish, inclusive, demitiu um dos diretores exatamente por desempenhar o papel de ponte entre a sombra e a claridade dos acontecimentos.
Incrível. A Delta, segundo O Globo e a Folha de São Paulo, é a empresa que mais obras executa para o PAC, na área federal.
Mas igualmente tem fortíssima participação nas obras do governo do Rio de Janeiro. A modernização do Maracanã, estádio Mário Filho, se não me engano, a principal. A construção do novo prédio do Forum, outra.
As reportagens a que me refiro – cito sempre a fonte – são de Leandro Colon e Fernando Melo. Na Folha de São Paulo. E, no O Globo, de Cássio Bruno, Luiza Damé, Evandro Éboli e Maiá Menezes. A foto de Gustavo Miranda. Causam perplexidade, o que é muito, no Brasil, país em que os escândalos e o tráfico de influência entre o interesse privado e o poder público estão se transformando em rotina.
O que espanta, no caso da Delta, é como uma empresa de tal porte necessitava da influência de Cachoeira, um empresário de presença negativa em todas as transações de que participa. Inclusive, quanto a Delta, emergia das sombras um outro personagem controverso: Giovani Pereira da Silva, em nome de quem a Delta fazia depósitos numa agência do HSBC.
Em paralelamente, efetuava saques originários de depósitos do grupo Cavendish. Depósitos e saques diretos ocorreram em alta sequência tanto em 2010, ano eleitoral, quanto em 2011. Uma loucura. Principalmente de parte de Fernando Cavendish. Como pode ele aceitar abastecer as águas de Cachoeira, o que já era profundamente ilegal, como, ainda por cima, deixar um rastro facilmente identificável. Tanto assim que foi revelado pela Polícia Federal.
As provas estão no HSBC. E também, neste momento, na consciência da opinião pública. Falta que ingressem na lógica dos governantes que, na melhor das hipóteses, por omissão, não conseguiram perceber o que se passava. E o que continua se passando, a seu redor.
É assim que o dinheiro público se evapora como um jato do antigo lança perfume, durante décadas no passado, um dos símbolos do carnaval carioca. Por que a intermediação de Cachoeira, se problemas e etapas dos contratos, incluindo o pagamento das faturas, seriam simplesmente solucionados pelas duas pontas dos processos? Lavagem de dinheiro? Não. Pois no caso funcionou ao contrário. Colocar-se sempre um terceiro homem em qualquer questão é encarecer e dificultar tudo.
Comecei citando “O Terceiro Homem”. Termino recorrendo a Hitchcock: Cachoeira é também “O Homem Que Sabia Demais”. Esta semana instala-se a CPI para ouvir a sua narrativa. Será certamente das maiores. Da dimensão das consequências.
É o caso de Carlos Ramos Cachoeira, esse homem fatal, como escrevi há poucos dias, intermediário compulsivo de não se sabe quantas transações ilegais. Evidentemente uma fonte de distribuição de dinheiro. Não há dúvida quanto a ilegalidade, pois se sua atuação fosse legal não necessitaria utilizar o nome de terceiros para não aparecer no centro do palco. Agora: por que uma empresa forte como a Delta precisava de Cachoeira?
Esta explicação cabe a Fernando Cavendish, controlador e presidente da empresa. Ele, Fernando Cavendish, inclusive, demitiu um dos diretores exatamente por desempenhar o papel de ponte entre a sombra e a claridade dos acontecimentos.
Incrível. A Delta, segundo O Globo e a Folha de São Paulo, é a empresa que mais obras executa para o PAC, na área federal.
Mas igualmente tem fortíssima participação nas obras do governo do Rio de Janeiro. A modernização do Maracanã, estádio Mário Filho, se não me engano, a principal. A construção do novo prédio do Forum, outra.
As reportagens a que me refiro – cito sempre a fonte – são de Leandro Colon e Fernando Melo. Na Folha de São Paulo. E, no O Globo, de Cássio Bruno, Luiza Damé, Evandro Éboli e Maiá Menezes. A foto de Gustavo Miranda. Causam perplexidade, o que é muito, no Brasil, país em que os escândalos e o tráfico de influência entre o interesse privado e o poder público estão se transformando em rotina.
O que espanta, no caso da Delta, é como uma empresa de tal porte necessitava da influência de Cachoeira, um empresário de presença negativa em todas as transações de que participa. Inclusive, quanto a Delta, emergia das sombras um outro personagem controverso: Giovani Pereira da Silva, em nome de quem a Delta fazia depósitos numa agência do HSBC.
Em paralelamente, efetuava saques originários de depósitos do grupo Cavendish. Depósitos e saques diretos ocorreram em alta sequência tanto em 2010, ano eleitoral, quanto em 2011. Uma loucura. Principalmente de parte de Fernando Cavendish. Como pode ele aceitar abastecer as águas de Cachoeira, o que já era profundamente ilegal, como, ainda por cima, deixar um rastro facilmente identificável. Tanto assim que foi revelado pela Polícia Federal.
As provas estão no HSBC. E também, neste momento, na consciência da opinião pública. Falta que ingressem na lógica dos governantes que, na melhor das hipóteses, por omissão, não conseguiram perceber o que se passava. E o que continua se passando, a seu redor.
É assim que o dinheiro público se evapora como um jato do antigo lança perfume, durante décadas no passado, um dos símbolos do carnaval carioca. Por que a intermediação de Cachoeira, se problemas e etapas dos contratos, incluindo o pagamento das faturas, seriam simplesmente solucionados pelas duas pontas dos processos? Lavagem de dinheiro? Não. Pois no caso funcionou ao contrário. Colocar-se sempre um terceiro homem em qualquer questão é encarecer e dificultar tudo.
Comecei citando “O Terceiro Homem”. Termino recorrendo a Hitchcock: Cachoeira é também “O Homem Que Sabia Demais”. Esta semana instala-se a CPI para ouvir a sua narrativa. Será certamente das maiores. Da dimensão das consequências.
19 de abril de 2012
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