Semana passada, quando da instalação da Comissão da Verdade, conseguiu a presidente Dilma Rousseff reunir seus antecessores ainda vivos. José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique e Luís Inácio da Silva. Pena que Itamar Franco tenha morrido meses atrás e que Tancredo Neves, eleito, tivesse ficado impossibilitado de assumir.
A idéia da chefe do governo foi de dar ao país uma demonstração de unidade, apresentando figuras tão díspares como se estivessem unidas acima e além do ideal de rejeição à truculência e de apoio aos direitos humanos. Felizmente essa impressão não ficou sequer nas fotografias. Se um denominador comum pode ser tirado da cerimônia, conduz precisamente ao extremo oposto, quer dizer, ao constrangimento com que se reuniram e se deixaram fotografar.
Nem Sarney, nem Collor, sequer FHC e o Lula, empenharam-se em investigar o passado de excessos e horrores praticados durante o regime militar. Apenas ela, Dilma, transpôs a linha que separa o Brasil de seu passado. Se é verdade que Fernando Henrique assinou decreto mandando indenizar vítimas da tortura, e o Lula criou a comissão dos desaparecidos, também é certo que, contra os praticantes de crimes hediondos contra a pessoa humana, nenhum deles moveu um dedo.
Nem se fala dos dois primeiros ex-presidentes, que durante toda a ditadura atuaram como seus representantes. A barreira da Lei da Anistia blindou os quatro, como fornece à sucessora condições para não perdoar, para investigar e divulgar, mas jamais para punir.
Poderiam os ex-presidentes ter atuado para acionar a Justiça, inclusive mobilizando suas maiorias parlamentares no sentido da revogação da Lei de Anistia. Como Dilma Rousseff, também. Não o fizeram, os anteriores, como não fará a atual. Já se vão quase cinqüenta anos da deflagração do movimento militar que, para sair de cena, 21 anos depois, impôs condições e exigiu salvaguardas.
Não que fosse ameaçar com o retorno, inviável a partir de sua deterioração, mas capaz de impedir o ritmo da progressão democrática e até criar empecilhos ao elogiável desenvolvimento institucional que se seguiu. Justiça se faça, a partir de seu afastamento de cena, os militares mantiveram e tem mantido comportamento exemplar, mesmo engolindo sapos em posição de sentido. E apesar da vontade de uns poucos velhinhos postos na reserva, salvados do incêndio do autoritarismo, sem influência efetiva na continuidade da corporação.
Todas essas confusas considerações se fazem por conta de um objetivo que exalta Dilma sem denegrir seus antecessores, apesar de mostrar-lhes a fragilidade: chega, mesmo sem perdão! O tempo passou, o Brasil é o mesmo, ainda que os objetivos e as condições sejam outras.
Reviver os idos da truculência não deve nem pode reabrir feridas que o tempo não cicatrizou, que ainda doem, jamais servindo de motivo para percorrer outra vez, como germes letais, as veias da nação.
Traduzindo tudo isso: a hora não é de acerto de contas com aqueles que saíram pelo ralo. Vale fugir do perigo de despertar a reação daqueles que nada tiveram com o passado. Entenda quem entender…
A idéia da chefe do governo foi de dar ao país uma demonstração de unidade, apresentando figuras tão díspares como se estivessem unidas acima e além do ideal de rejeição à truculência e de apoio aos direitos humanos. Felizmente essa impressão não ficou sequer nas fotografias. Se um denominador comum pode ser tirado da cerimônia, conduz precisamente ao extremo oposto, quer dizer, ao constrangimento com que se reuniram e se deixaram fotografar.
Nem Sarney, nem Collor, sequer FHC e o Lula, empenharam-se em investigar o passado de excessos e horrores praticados durante o regime militar. Apenas ela, Dilma, transpôs a linha que separa o Brasil de seu passado. Se é verdade que Fernando Henrique assinou decreto mandando indenizar vítimas da tortura, e o Lula criou a comissão dos desaparecidos, também é certo que, contra os praticantes de crimes hediondos contra a pessoa humana, nenhum deles moveu um dedo.
Nem se fala dos dois primeiros ex-presidentes, que durante toda a ditadura atuaram como seus representantes. A barreira da Lei da Anistia blindou os quatro, como fornece à sucessora condições para não perdoar, para investigar e divulgar, mas jamais para punir.
Poderiam os ex-presidentes ter atuado para acionar a Justiça, inclusive mobilizando suas maiorias parlamentares no sentido da revogação da Lei de Anistia. Como Dilma Rousseff, também. Não o fizeram, os anteriores, como não fará a atual. Já se vão quase cinqüenta anos da deflagração do movimento militar que, para sair de cena, 21 anos depois, impôs condições e exigiu salvaguardas.
Não que fosse ameaçar com o retorno, inviável a partir de sua deterioração, mas capaz de impedir o ritmo da progressão democrática e até criar empecilhos ao elogiável desenvolvimento institucional que se seguiu. Justiça se faça, a partir de seu afastamento de cena, os militares mantiveram e tem mantido comportamento exemplar, mesmo engolindo sapos em posição de sentido. E apesar da vontade de uns poucos velhinhos postos na reserva, salvados do incêndio do autoritarismo, sem influência efetiva na continuidade da corporação.
Todas essas confusas considerações se fazem por conta de um objetivo que exalta Dilma sem denegrir seus antecessores, apesar de mostrar-lhes a fragilidade: chega, mesmo sem perdão! O tempo passou, o Brasil é o mesmo, ainda que os objetivos e as condições sejam outras.
Reviver os idos da truculência não deve nem pode reabrir feridas que o tempo não cicatrizou, que ainda doem, jamais servindo de motivo para percorrer outra vez, como germes letais, as veias da nação.
Traduzindo tudo isso: a hora não é de acerto de contas com aqueles que saíram pelo ralo. Vale fugir do perigo de despertar a reação daqueles que nada tiveram com o passado. Entenda quem entender…
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