Começou ontem a contagem regressiva para as Olimpíadas de 2016, que, pela primeira vez, serão sediadas pelo Brasil.
Embora os esportistas se concentrem em traçar metas mais ambiciosas em termos de medalhas e pódios, o maior desafio será aproveitar o evento para produzir legados duradouros para a população.
O Rio não pode repetir nos preparativos para os jogos olímpicos o mau exemplo que vem acontecendo com a Copa de 2014.
A delegação brasileira terminou as Olimpíadas de Londres apenas na 22ª colocação. Foram conquistadas 17 medalhas, sendo três de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Em quantidade, foi a melhor marca da história; em qualidade, a participação do Brasil ficou bastante aquém do que se projetava.
O governo federal esperava entre 18 e 23 medalhas.
Há 16 anos, quando abiscoitou 15 medalhas em Atlanta, o país está estagnado no número de pódios conquistados. O investimento público para preparar nossos atletas que foram a Londres foi recorde: atingiu entre R$ 1,85 bilhão, segundo o Correio Braziliense, e R$ 2,1 bilhões, nos cálculos do (UOL).
Na conta, estão incluídos incentivos fiscais, gastos do Ministério do Esporte e patrocínio de estatais.
Qualquer que seja a cifra, representa um salto expressivo - entre 50% e 75% - em relação aos dispêndios por ocasião dos jogos de Pequim, em 2008. É muito dinheiro para uma contrapartida tão baixa:
subir um degrau no quadro geral e trazer apenas duas medalhas, uma de prata e uma de bronze, a mais - no caso das de ouro, foram duas a menos.
A (Folha de S.Paulo) fez outras comparações, nas quais o desempenho brasileiro mostra-se ainda pior. Em um ranking com a divisão do número de atletas inscritos (258 em 32 modalidades) pelo número de pódios, o Brasil ficaria apenas em 51° lugar entre os 85 países que ganharam medalhas em Londres.
Pior ainda é a colocação do Brasil nos rankings de produtividade por tamanho da população e pelo PIB: no primeiro, o país seria apenas o 68°, e, no segundo, o 70°. Entre os países que mandaram mais de 200 atletas, só Canadá e Polônia foram menos premiados que nós.
Para 2016, a meta oficial é elevar o Brasil pelo menos ao grupo dos dez melhores colocados. Levando-se em conta o desempenho da Austrália, a décima melhor em Londres com 35 medalhas, será preciso dobrar a performance brasileira daqui a quatro anos.
Se terá que suar muito para fazer bonito nas quadras, fora delas o desafio de organizar as Olimpíadas do Rio com maestria é ainda maior. Para começar, ainda não há sequer um orçamento fechado com as estimativas de gastos com a organização do evento.
Quanto se candidatou, em 2007, o Rio apresentou cálculos preliminares prevendo investimentos de R$ R$ 28,8 bilhões. Deste valor, R$ 23,2 bilhões, para a montagem da infraestrutura, virão de governos e R$ 5,6 bilhões sairão do Comitê Rio 2016 para operação do evento.
"Os projetos mudaram. E há uma discussão sobre o que é conta olímpica e política pública. Além disso, nem todas as obras têm projetos executivos. Somente em 2013 teremos um orçamento", (adianta) a economista Maria Silvia Bastos Marques, que responde pela Empresa Olímpica Municipal.
As duas principais obras já estão atrasadas:
o Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, e o complexo esportivo de Deodoro.
Os organizadores das Olimpíadas do Rio devem mirar o que está acontecendo nos preparativos para a Copa do Mundo, a se realizar daqui a menos de dois anos no país, para não repetir erros.
Embora o Brasil tenha sido escolhido há cinco anos para o torneio de futebol, a maior parte das obras está atrasada, negando à população benefícios mais duradouros.
Relatório divulgado na semana passada pelo TCU informa que apenas 5,5% dos desembolsos para obras de mobilidade urbana - que seriam o principal legado da Copa para a população dos grandes centros - foram feitos até agora. Dos R$ 9,6 bilhões previstos, somente R$ 327 milhões foram investidos.
Dificilmente todos os empreendimentos prometidos para a Copa estarão prontos a tempo e alguns correm risco até de se tornarem elefantes que se arrastam sem conclusão. O Brasil tem pela frente o desafio de organizar, dentro dos próximos quatro anos, as duas maiores competições esportivas do planeta.
Fazer bonito em quadra é importante, mas muito mais é transformar a beleza e a emoção do esporte em vetor para promover mais qualidade de vida para os brasileiros.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Desafio olímpico
Embora os esportistas se concentrem em traçar metas mais ambiciosas em termos de medalhas e pódios, o maior desafio será aproveitar o evento para produzir legados duradouros para a população.
O Rio não pode repetir nos preparativos para os jogos olímpicos o mau exemplo que vem acontecendo com a Copa de 2014.
A delegação brasileira terminou as Olimpíadas de Londres apenas na 22ª colocação. Foram conquistadas 17 medalhas, sendo três de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Em quantidade, foi a melhor marca da história; em qualidade, a participação do Brasil ficou bastante aquém do que se projetava.
O governo federal esperava entre 18 e 23 medalhas.
Há 16 anos, quando abiscoitou 15 medalhas em Atlanta, o país está estagnado no número de pódios conquistados. O investimento público para preparar nossos atletas que foram a Londres foi recorde: atingiu entre R$ 1,85 bilhão, segundo o Correio Braziliense, e R$ 2,1 bilhões, nos cálculos do (UOL).
Na conta, estão incluídos incentivos fiscais, gastos do Ministério do Esporte e patrocínio de estatais.
Qualquer que seja a cifra, representa um salto expressivo - entre 50% e 75% - em relação aos dispêndios por ocasião dos jogos de Pequim, em 2008. É muito dinheiro para uma contrapartida tão baixa:
subir um degrau no quadro geral e trazer apenas duas medalhas, uma de prata e uma de bronze, a mais - no caso das de ouro, foram duas a menos.
A (Folha de S.Paulo) fez outras comparações, nas quais o desempenho brasileiro mostra-se ainda pior. Em um ranking com a divisão do número de atletas inscritos (258 em 32 modalidades) pelo número de pódios, o Brasil ficaria apenas em 51° lugar entre os 85 países que ganharam medalhas em Londres.
Pior ainda é a colocação do Brasil nos rankings de produtividade por tamanho da população e pelo PIB: no primeiro, o país seria apenas o 68°, e, no segundo, o 70°. Entre os países que mandaram mais de 200 atletas, só Canadá e Polônia foram menos premiados que nós.
Para 2016, a meta oficial é elevar o Brasil pelo menos ao grupo dos dez melhores colocados. Levando-se em conta o desempenho da Austrália, a décima melhor em Londres com 35 medalhas, será preciso dobrar a performance brasileira daqui a quatro anos.
Se terá que suar muito para fazer bonito nas quadras, fora delas o desafio de organizar as Olimpíadas do Rio com maestria é ainda maior. Para começar, ainda não há sequer um orçamento fechado com as estimativas de gastos com a organização do evento.
Quanto se candidatou, em 2007, o Rio apresentou cálculos preliminares prevendo investimentos de R$ R$ 28,8 bilhões. Deste valor, R$ 23,2 bilhões, para a montagem da infraestrutura, virão de governos e R$ 5,6 bilhões sairão do Comitê Rio 2016 para operação do evento.
"Os projetos mudaram. E há uma discussão sobre o que é conta olímpica e política pública. Além disso, nem todas as obras têm projetos executivos. Somente em 2013 teremos um orçamento", (adianta) a economista Maria Silvia Bastos Marques, que responde pela Empresa Olímpica Municipal.
As duas principais obras já estão atrasadas:
o Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, e o complexo esportivo de Deodoro.
Os organizadores das Olimpíadas do Rio devem mirar o que está acontecendo nos preparativos para a Copa do Mundo, a se realizar daqui a menos de dois anos no país, para não repetir erros.
Embora o Brasil tenha sido escolhido há cinco anos para o torneio de futebol, a maior parte das obras está atrasada, negando à população benefícios mais duradouros.
Relatório divulgado na semana passada pelo TCU informa que apenas 5,5% dos desembolsos para obras de mobilidade urbana - que seriam o principal legado da Copa para a população dos grandes centros - foram feitos até agora. Dos R$ 9,6 bilhões previstos, somente R$ 327 milhões foram investidos.
Dificilmente todos os empreendimentos prometidos para a Copa estarão prontos a tempo e alguns correm risco até de se tornarem elefantes que se arrastam sem conclusão. O Brasil tem pela frente o desafio de organizar, dentro dos próximos quatro anos, as duas maiores competições esportivas do planeta.
Fazer bonito em quadra é importante, mas muito mais é transformar a beleza e a emoção do esporte em vetor para promover mais qualidade de vida para os brasileiros.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Desafio olímpico
14 de agosto de 2012
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