"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CARAPUÇA! AS VERDADES INCÔMODAS DE FHC

 

O PT adora assacar mentiras contra seus adversários e detesta quando lhe são ditas verdades incômodas.
É isso o que explica a reação coordenada entre a presidente Dilma Rousseff e seu tutor às mazelas do governo petista expostas por Fernando Henrique Cardoso no último domingo.
Ao rol de realidades desnudadas, os petistas responderam com as mistificações de sempre.

O líder tucano está coberto de razão.
Em (artigo)publicado em O Globo e n'O Estado deS.Paulo, o presidente lista diversos componentes da "herança pesada" recebida por Dilma de seu antecessor.
São muitos:
a crise moral,
o mensalão,
a falta de reformas institucionais,
o aumento da carga tributária,
as iniquidades na Previdência,
a ineficiência dos investimentos públicos,
os descaminhos da política energética.

Examinada a lista, é de se perguntar:
há alguma mentira nela?
Nenhuma.

Fernando Henrique lamenta a corrosão moral que marcou o primeiro ano da gestão Dilma. Fato: dos 37 ministros que assumiram com a presidente, sete foram defenestrados por suspeitas de corrupção e irregularidades de toda natureza.
Não custa lembrá-los:
Antonio Palocci (Casa Civil),
Carlos Lupi (Trabalho),
Alfredo Nascimento (Transportes),
Pedro Novais (Turismo),
Orlando Silva (Esporte),
Wagner Rossi (Agricultura)
e Mario Negromonte (Cidades).

Em seguida, o presidente trata do mensalão.
Dos 37 réus,
(dez)são do PT.
São eles:
os já condenados João Paulo Cunha e Henrique Pizzolato;
José Genoino e Delúbio Soares, os próximos da lista;
o único absolvido Luiz Gushiken;
José Dirceu,
Silvio Pereira,
Paulo Rocha, Professor Luizinho
e João Magno de Moura.

Mente Fernando Henrique ao denunciar a "busca de hegemonia a peso de ouro alheio" por esta gente? Por tudo o que se viu ao longo das 17 sessões de julgamento realizadas no STF até agora, nem um pouco.
Segundo alguns jornais, Dilma teria ficado especialmente brava com a menção à desastrada política energética que vigora no governo petista. Mas quem, senão a própria atual presidente da Petrobras, (ressaltou)noutro dia que, desde 2003, a estatal não cumpre suas metas de produção?

Quem, senão a própria empresa, deve apresentar nova
(queda) na produção neste ano e registrou, após 13 anos, bilionário ( prejuízo?)

Quem
(vale)hoje menos do que valia dois anos atrás, antes de um processo de capitalização embalado em clima de fanfarra eleitoral?No artigo, Fernando Henrique também aponta os equívocos que transformaram o Brasil de potência na geração de etanol em importador do produto.Os fatos: neste ano-safra, a produção de álcool no país caiu 15% e compramos dos Estados Unidos nada menos que 1,8 bilhão de litros do biocombustível.
Em consequência deste desarranjo, as importações de gasolina deverão mais que
(quadruplicar)
até o fim da década.
O líder tucano trata, ainda, dos atrasos na Transnordestina e na transposição do rio São Francisco.


Quem há de negá-los?
A (ferrovia) só tem um terço das obras prontas, liga nada a lugar algum e já encareceu 50%, bancada por financiamento do BNDES.
A transposição tem seis dos 14 lotes com obras (suspensas)
, muitas por suspeitas de irregularidades. Seu término, antes previsto para 2010, já foi estendido para, no mínimo, 2015.

A presidente tentou rebater as sóbrias palavras de Fernando Henrique com uma nota oficial combinada com Lula, segundo revelou o
(Estadão.)
Disse, por exemplo, que seu antecessor legou-lhe "uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura".

Em que país ela está vivendo?
Ou, pior: qual país ela pensa que está governando?


"Economia sólida" será a que cresce menos que todos os países latino-americanos e é a quarta mais desigual e injusta do continente?

"Crescimento robusto" será aquele que, neste ano, ficará em cerca de metade do que foi o pibinho de 2011?

"Investimentos consistentes em infraestrutura"
são a paralisia que se vê em estradas,
ferrovias,
aeroportos,
portos e conjuntos habitacionais,
e que, na última década, deixou de aplicar quase
(R$ 50 bilhões) em recursos orçamentários?
Francamente...


Dilma chama atenção para "os avanços que o país obteve nos últimos dez anos". Se não fosse tão sectária, mais correto seria dizer dos avanços que vêm sendo construídos por toda a nação desde a transição democrática - da qual, aliás, o PT recusou-se a participar no colégio eleitoral.

Mais adequado ainda seria falar da completa ausência de avanços institucionais na última década, em que o arcabouço arduamente construído na gestão tucana foi sendo, dia após dia, dilapidado até o osso, até não sobrar nada que permita ao país lançar-se a novos saltos rumo ao futuro.

Para terminar, a presidente da República diz que seu tutor é "um exemplo de estadista".
Sobre isso, não é preciso dizer muito.Basta lembrar que, neste instante, Luiz Inácio Lula da Silva está mergulhado até a alma em disputas eleitorais pelo Brasil ("mordendo a canela") de adversários e exalando ódio a quem não lhe diz amém.Enquanto isso, Fernando Henrique dedica-se a apontar erros e elogiar eventuais acertos, buscando colaborar para a melhoria do país.
A verdade muitas vezes é incômoda, mas nunca foi tão necessária quanto agora.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
As verdades incômodas de FHC
05 de setembro de 2012

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