"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 20 de outubro de 2012

ENQUANTO ISSO NO BRASIL MARAVILHA DOS FARSANTES...

MAIS UM : BC decreta intervenção no BVA por graves violações às normas legais

O Banco Central (BC) decretou nesta sexta-feira intervenção no banco BVA, especializado em crédito para companhias de médio porte, citando comprometimento da situação econômico-financeira da instituição. O BVA é o terceiro banco a sofrer intervenção do BC no ano e o quinto desde 2011.

Em 14 de setembro, foram anunciadas a liquidação dos bancos Cruzeiro do Sul e Prosper, em 14 de setembro , que estavam sob administração do BC desde junho.

Em comunicado, o BC afirma que foram detectadas graves violações às normas legais e descumprimento de normas que disciplinam a atividade da instituição. BC nomeou como interventor na instituição, com amplos poderes, Eduardo Félix Bianchini.

Servidor do BC desde 1973, ele ocupa o cargo de gerente técnico regional, baseado em São Paulo e terá prazo de 60 dias para apresentar um relatório sobre a situação contábil do BVA.

De acordo com agência Reuters, uma fonte da equipe econômica informou que o BVA precisava de um aporte de R$1 bilhão para recompor seu patrimônio, mas controladores da instituição não conseguiram negociar a injeção de capital. Segundo a fonte, o banco e a equipe econômica do governo tentaram, sem sucesso, uma "solução de mercado" para o BVA.

A intervenção foi decretada porque a instituição financeira possuía "grande problema de subprovisionamento", com ativos com riscos maiores que os valores reservados para cobri-los.

"Com o subprovisionamento, avaliação inadequada de riscos e perdas potenciais, a instituição financeira acabou gerando informações contábeis não fidedignas e o Banco Central determinou que fossem feitos os ajustes", informou o integrante da equipe econômica.

Entre os ajustes, seria necessário cobrir um patrimônio negativo de R$ 580 milhões e reenquadrar novamente o patrimônio de referência, totalizando a necessidade de R$ 1 bilhão.

"Os controladores não conseguiram cumprir a exigência de aporte de capital, buscaram formas junto ao Fundo Garantidor (de Crédito-FGC), mas não foi possível e o BVA acabou tendo uma deterioração rápida da sua liquidez nas últimas semanas por ter ativos poucos líquidos", informou a fonte.

Banco tinha sete agências nos estados do Rio, SP e MG

Segundo o BC, o BVA, controlado pelo seu fundador, José Augusto dos Santos, e por Ivo Lodo, ex-executivo do grupo Safra, detém 0,17% dos ativos do sistema financeiro nacional e 0,24% dos depósitos. A instituição possui sete agências nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

Em 26 de setembro,a agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota de força financeira do BVA para "E" (de "E+"), assim como a nota de seus depósitos em moeda estrangeira e local, de "B2" para "Caa1". Segundo a agência, o rebaixamento decorria de incertezas em relação ao desempenho financeiro do banco e da demora para publicar o resultado semestral.

A intervenção do BC acontece em um momento em que o governo está pressionando pela redução de custos de empréstimos e redução de tarifas bancárias. Alguns analistas dizem que bancos de médio porte são os mais prejudicados, já que a pressão pela queda dos juros pesa sobre suas receitas e encoraja práticas de empréstimo mais arriscadas.

Três empresas e 17 pessoas com bens bloqueados

De acordo com o BC, os bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição ficarão indisponíveis. A determinação do regime especial (intervenção e liquidação extrajudicial) ocorre depois que a fiscalização do Banco Central verifica algum tipo de problema na instituição financeira, como ausência de liquidez (recursos disponíveis), desvio de dinheiro, descumprimentos de normas ou não pagamento de obrigações.

Três empresas e 17 pessoas, então, ficarão com os bens bloqueados. Os controladores diretos do BVA são as companhias Vila Velha Empreendimentos, V55 Empreendimentos e Vilaflor Participações. O controlador indireto é o fundador José Augusto Ferreira dos Santos.

Os membros da diretoria do BVA são:
Antônio Carlos Conversano, Antônio luiz de Oliveira Pinto Pascoal, Benedito Ivo Lodo Filho, Carlos Jorge Moreno Yasaka, Edison Gandolfi, Edson Vicente Sivieri, Hermes Xavier dos Santos, José Antônio La Terza Ferraiuolo, José Ricardo Ceravolo Risolia, Luiz Rodolfo Palmeira Vasconcellos e Robson Luiz de Souza Brandão.

E os membros do conselho de administração do banco são, segundo o BC: Ana Paula Peixoto da Silva, David Barioni Neto, Fabio Augusto Guimarães Ferreira dos Santos, José Roldão de Almeida Souza e Wagner Braz.

No processo de intervenção, existe a possibilidade de sanar os problemas da instituição, mas, se isso não ocorre, a instituição financeira passa por um processo de liquidação extrajudicial, quando são vendidos os bens da empresa para pagar credores.

Crise financeira desencadeou liquidações

Os rumores sobre a deterioração do banco aumentaram nos últimos dias em função também da falta de uma solução de mercado para a instituição, agravada pelo fato de o banco não ter publicado balanço financeiro desde o começo do ano. Segundo a fonte, o banco registrou prejuízo de R$ 300 milhões no primeiro semestre.

Em balanço de 2011 publicado em março, o BVA informa que fechou o ano passado com lucro líquido de R$ 63,2 milhões, queda de 29% sobre o resultado positivo de 2010. Os ativos encerraram o exercício em R$ 6,74 bilhões, alta de 48,8%.

Depois de seis anos desde a liquidação do Banco Santos o BC não fechava portas de instituições. A crise econômica mundial e a seca de crédito fez expôs vários problemas em bancos pequenos e médios brasileiros.

No ano passado, o Banco Central liquidou o Banco Morada depois de verificar um rombo de R$ 110 milhões. Não apareceram compradores interessados na instituição carioca. Antes disso, o Panamericano teve de ser vendido para a Caixa Econômica Federal. Foi a solução de mercado encontrada pelo BC para a que a instituição continuasse a funcionar.

Neste ano, o Banco Central liquidou o Cruzeiro do Sul. Os técnicos da autarquia identificaram que seria preciso colocar R$ 1 bilhão no caixa do banco para fazer com que ele continuasse a funcionar. O rombo total poderia chegar a R$ 2,2 bilhões, principalmente, por causa da fraude de R$ 1,3 bilhão.

Por causa da decisão de liquidar o Cruzeiro do Sul, outra instituição também fechou as portas. O banco carioca Prosper foi liquidado porque foi comprado pelo Cruzeiro do Sul no fim do ano passado por apresentar problemas na contabilidade. No entanto, o negócio nem chegou a receber o aval do BC. Mesmo assim, foi liquidado também.

Especialistas não veem risco de contágio

Para os correntistas desses bancos e de todos os outros, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) garante que ele receba um reembolso de até R$ 70 mil em caso de quebra da instituição. O valor é ressarcido por CPF ou CNPJ, independentemente de quanto o cliente tinha no banco.

O episódio não deve desestabilizar o sistema financeiro, embora seja mais um caso para abalar a confiança nas pequenas instituições bancárias, segundo analistas. Uma fonte da equipe econômica não vê risco de contágio.

As ações feitas pelo BC apenas retiram do sistema instituições com fragilidade e isso fortalece o sistema financeiro... O sistema financeiro é sólido, plenamente saudável e o BC não está sendo surpreendido disse.

Se somarmos esses regimes especiais pode parecer muito, mas estamos falando de 0,40 por cento dos ativos do sistema financeiro e de 0,60% dos depósitos afirmou a fonte, sobre as cinco instituições que foram alvo de intervenção desde 2010.

Banco não apresentava balanço há 10 meses

O BVA teve em 2011 um crescimento de 33% nos ativos totais, para R$ 6,7 bilhões. O crédito correspondia a 67% do total. Os ativos de pequenos e médios bancos no Brasil triplicou desde 2006, ao custo de erosão da solvência em alguns casos.

Com a demanda por empréstimos forte, essas instituições menores embarcaram em ambiciosos planos de crescimento a causa da atual falta de capital, segundo analistas.

O banco BVA tinha uma estratégia de crescimento com bastante alavancagem. Ele cresceu muito intensamente nos últimos anos, fez muita cessão de carteira de crédito. Mas, ao não aumentar as provisões, criou uma situação de mal estar em relação à imagem e solidez disse o analista Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating.

Há 10 meses eles não apresentam balanços.
Um banco que demora 10 meses para apresentar balanços gera muita desconfiança.
 
camuflados
20 de outubro de 2012

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