O BRASIL DE GETÚLIO
Agamenon Magalhães, José Américo e Gustavo Capanema conversavam com Getúlio em plena crise de agosto de 54:– O senhor confia nos seus generais? E se passarem para o outro lado?
– Ora essa, eu também passo.
A política brasileira voltou ao Brasil de Getúlio. Não há partidos, há lados.
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TORDESILHAS
Em 1965, foi criado o município de Anastácio, desmembrado de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, entre Campo Grande e Corumbá.
O governador Pedro Pedrossian, adversário do primeiro prefeito de Anastácio, Vicente Medeiros, fez uma estrada ligando Aquidauana a Jardim, mas, por birra, o DER tirou Anastácio do caminho e fez a placa assim:
– Rodovia MT-65, Aquidauana/Jardim.
Anastácio ficou indignada. Houve um congresso de municípios em Cuiabá. Na sessão de encerramento, o prefeito de Anastácio pediu a palavra:
– Gostaria que mandassem providenciar a escritura do município de Anastácio, já que não é reconhecido nem pelo senhor governador.
E mostrou uma foto da placa. O deputado René Burbour, aliado do governador, que presidia a solenidade, respondeu:
– O senhor prefeito tem toda a razão. Eu, inclusive, já escrevi a Portugal, pedindo a escritura do Brasil. Assim que chegar, faremos um desmembramento e mandaremos a sua escritura. A culpa é do Cabral, que nos descobriu, não fez o desmembramento e esqueceu de mandar fazer a escritura.
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O AVALISTA SOLIDÁRIO
Antônio Carlos Noronha Portella, advogado e sábio, com esse nome imperial, vivendo em um palacete também imperial dos tempos da Petrópolis imperial, testemunha de mais de meio século do Rio, do País e do mundo, é um homem rico e bom. Dava aval a todo mundo, na cidade.
Gosta de política. Gosta demais. Quando chegavam as campanhas eleitorais, sua maneira de ajudar os amigos era avalizar empréstimos para as despesas de campanha.
Um dia, avalizou um titulo para um candidato a deputado, que perdeu feio e ficou em dificuldades de pagar. O gerente do banco, sabendo que não receberia do devedor, foi ao avalista:
– Senhor Portela, o título está vencido. Preciso que o senhor pague. O senhor sabe que, como avalista, o senhor é solidário.
– Sei, sim, que sou solidário e é exatamente por isso que não vou pagar. Sou muito amigo dele e estou inteiramente solidário com ele. Se ele não pagou, é porque tem seus motivos. Porque estou solidário, não pago também.
01 de outubro de 2012
Sebastião Nery
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