LONDRES – A China, com o caso Bo Xilai, está dando um recado para todos os
chineses: ninguém está acima da lei.
O país enriqueceu. Caminha para ser a maior potência do mundo. Muito dinheiro está indo parar na mão dos chineses. Montar negócios prósperos ok, como disse Deng Xiao Ping, o líder chinês que promoveu uma virada no país há 30 anos. Mas roubar, não.
Bo Xilai com a mulher
Bo Xilai, que era uma estrela em ascensão no governo chinês, foi, como se esperava, formalmente expulso do Partido Comunista, que governa a China.
As acusações são múltiplas. Propinas, acobertamento de um
crime (a morte de um britânico), abuso de poder. E sexo: Bo, segundo relatos da mídia chinesa, teria tido relações sexuais inadequadas com uma quantidade de mulheres que pode chegar a 1000.
Todo o dinheiro que Bo acumulou ilicitamente não lhe servirá para nada agora. É difícil que ele escape de uma sentença que o fará terminar os dias na prisão.
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INDESTRUTÍVEL
A China tem uma cultura tão forte que a torna “indestrutível”, para usar uma expressão de Bertrand Russel, filósofo inglês que no começo dos anos 1900 passou uma temporada entre os chineses e depois escreveu um livro excelente sobre o país. (Disponível, de graça, no iBooks.)
O país sobreviveu a predações externas de toda natureza. No chamado “Século da Humilhação”, a Inglaterra impôs o ópio aos chineses pela força de seus canhões e depois tomou Hong Kong.
Alemanha, França e Estados Unidos se locupletaram também com a China combalida depois de ser batida pelos britânicos nas infames Guerras do Ópio. E o Japão, bem, o Japão fez horrores, o último dos quais foi pegar na Segunda Guerra Mundial para si ilhas chineses que agora diz, cinicamente, que sempre foram suas.
A China, graças à força da cultura confucionista, sobreviveu a todos os inimigos externos. No passado remoto, os mongóis ocuparam o país, mas a cultura confuciona prevaleceu e os ocupantes foram assimilados, em vez de assimilar.
Mas o pior inimigo da China é interno. Sua conversão em superpotência pode minar os valores preciosos que fazem dela pujante mesmo sendo a civilização mais antiga do mundo.
O castigo de Bo Xilai é um sinal de que os líderes chineses estão atentos a esse risco. Analistas míopes tentarão ver aí defeitos e vícios chineses, mas a verdade é que a punição de Bo é um ponto alto e positivo na construção do que se pode classificar de “Século Chinês”.
01 de outubro de 2012
O país enriqueceu. Caminha para ser a maior potência do mundo. Muito dinheiro está indo parar na mão dos chineses. Montar negócios prósperos ok, como disse Deng Xiao Ping, o líder chinês que promoveu uma virada no país há 30 anos. Mas roubar, não.
Bo Xilai com a mulher
Bo Xilai, que era uma estrela em ascensão no governo chinês, foi, como se esperava, formalmente expulso do Partido Comunista, que governa a China.
As acusações são múltiplas. Propinas, acobertamento de um
crime (a morte de um britânico), abuso de poder. E sexo: Bo, segundo relatos da mídia chinesa, teria tido relações sexuais inadequadas com uma quantidade de mulheres que pode chegar a 1000.
Todo o dinheiro que Bo acumulou ilicitamente não lhe servirá para nada agora. É difícil que ele escape de uma sentença que o fará terminar os dias na prisão.
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INDESTRUTÍVEL
A China tem uma cultura tão forte que a torna “indestrutível”, para usar uma expressão de Bertrand Russel, filósofo inglês que no começo dos anos 1900 passou uma temporada entre os chineses e depois escreveu um livro excelente sobre o país. (Disponível, de graça, no iBooks.)
O país sobreviveu a predações externas de toda natureza. No chamado “Século da Humilhação”, a Inglaterra impôs o ópio aos chineses pela força de seus canhões e depois tomou Hong Kong.
Alemanha, França e Estados Unidos se locupletaram também com a China combalida depois de ser batida pelos britânicos nas infames Guerras do Ópio. E o Japão, bem, o Japão fez horrores, o último dos quais foi pegar na Segunda Guerra Mundial para si ilhas chineses que agora diz, cinicamente, que sempre foram suas.
A China, graças à força da cultura confucionista, sobreviveu a todos os inimigos externos. No passado remoto, os mongóis ocuparam o país, mas a cultura confuciona prevaleceu e os ocupantes foram assimilados, em vez de assimilar.
Mas o pior inimigo da China é interno. Sua conversão em superpotência pode minar os valores preciosos que fazem dela pujante mesmo sendo a civilização mais antiga do mundo.
O castigo de Bo Xilai é um sinal de que os líderes chineses estão atentos a esse risco. Analistas míopes tentarão ver aí defeitos e vícios chineses, mas a verdade é que a punição de Bo é um ponto alto e positivo na construção do que se pode classificar de “Século Chinês”.
01 de outubro de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
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